Enquanto vários países discutem os potenciais usos da tecnologia blockchain para suplantar o setor bancário tradicional, a Polônia decidiu unir as duas áreas e está prestes a tornar-se o primeiro país a colocar registros bancários dentro de uma blockchain.
O anúncio foi feito no início deste semana. A empresa polonesa Billion, especializada em armazenamento de dados em blockchain, realizará uma parceria com o Escritório de Crédito polonês (BIK). Juntos, eles pretendem elaborar um sistema para armazenar os dados de crédito de mais de 24 milhões de pessoas, além de cerca de 1 milhão de empresas, em todo o país.
Registros bancários descentralizados
A Polônia é uma das principais economias da Europa Central e Oriental, e o seu Escritório de Crédito é o maior de toda a região – possui mais de 140 milhões de históricos de crédito, além de parceria com bancos como o PKO Bank Polski, Idea Bank e BNP Paribas. Com a parceria, o país torna-se pioneiro no uso da blockchain para o armazenamento de informações bancárias e de crédito.
“A tecnologia blockchain da Billon beneficiará o escritório ao fornecer uma maior segurança, integridade e imutabilidade dos dados”, afirmou o anúncio.
“A solução totalmente compatível com GDPR garante total visibilidade, histórico rastreável e total integridade de dados para qualquer documento voltado para os clientes, incluindo registros bancários, contratos de empréstimo, reclamações de seguro, contas telefônicas e termos e condições.”
Segundo Maruisz Cholewa, presidente do BIK, o projeto o objetivo de mudar a forma como o setor bancário lida com informações confidenciais e tem o potencial de alcançar várias áreas, como a assinatura digital remota de documentos e contratos.
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“Nossa cooperação com a Billon faz parte de um projeto de longo prazo. Acreditamos que a tecnologia blockchain transformará o modo como o setor financeiro armazena e compartilha dados confidenciais com os clientes. Nossa solução será ampliada em breve para incluir entrega eletrônica com confirmação ativa e assinatura remota de contratos on-line. Também é importante que a solução atenda aos requisitos legais de um meio durável de informação, bem como aos requisitos do Regulamento Geral de Proteção de Dados da UE, que entra em vigor este mês”, afirmou.
Testes e regulamentação
Antes da parceria ser anunciada, os bancos interessados em integrar o sistema participaram de um teste que estabeleceu que a arquitetura de blockchain da Billon poderia publicar mais de 150 milhões de documentos por mês. Segundo a empresa, essa capacidade seria mais do que suficiente para que até as maiores instituições passassem para o serviço digital.
A solução foi aprovada após uma extensa consulta ao Escritório de Concorrência e ao Órgão Regulador de Proteção de Dados da Polônia, tornando-se uma das primeiras soluções blockchain compatíveis com Regtech do mundo e a única com armazenamento de dados na cadeia e um mecanismo que permite “o direito de apagar dados pessoais”, acrescentou a Billion.
A notícia traz novos ares para a pesquisa sobre blockchain na Polônia, país cujo banco central admitiu, recentemente, que financiava canais no YouTube destinados a fazerem propagandas contra as criptomoedas. A Polônia já reconhece oficialmente a mineração e negociação de criptomoedas, e a decisão do escritório de crédito local parece ser em mais um passo rumo a uma maior aceitação da blockchain no país