Boa parte dos entusiastas das criptomoedas afirma que as moedas digitais “eliminarão” o dinheiro físico e, com isso, mudarão a função que os bancos exercem hoje. No entanto, este otimismo não é compartilhado pelos pesquisadores britânicos do instituto RBR (Retail Banking Research), que concordam que o dinheiro físico pode não ser mais a principal forma de pagamento do futuro mas, antes dele, os cartões de crédito e débito cairão no esquecimento e que as criptomoedas não são, até o momento, alternativas viáveis para esta nova economia que vem se desenhando.
Falando ao jornal Valor Econômico, o diretor administrativo Dominic Hirsch e o analista sênior da instituição Alex Maple destacaram que as pesquisas conduzidas pelo instituto, especializado em automação bancária, mostram que, mesmo com tanta inovação nas formas de pagamento, o uso do papel moeda continua a crescer, em especial nos países em desenvolvimento, mas que as soluções integradas aos dispositivos que tornaram-se “essenciais”, como celulares por exemplo, estão também se popularizando cada vez mais e, com isso, substituindo, antes do dinheiro físico, os cartões de crédito e débito.
“No curto e médio prazo, claramente, o dinheiro não irá desaparecer e estamos a um longo caminho de isso realmente acontecer. Muitas pessoas nos perguntam o que vai desaparecer primeiro, o dinheiro ou os cartões de crédito e débito. E nós enxergamos que os cartões definitivamente vão desaparecer antes que o dinheiro”, disse Hirsch.
No entanto, enquanto as “soluções móveis”, como Apple Pay, Google Pay e outras que trabalham com NFC (Near Field Communication, ou comunicação por proximidade, em tradução livre do inglês), são a maior ameaça ao dinheiro, blockchain e criptomoedas ainda estão muito distantes em liderarem este processo de “substituição” de um modelo “padrão” de pagamento.
“Até este momento, não há uma alternativa real [de solução] dessa tecnologia ao uso do dinheiro e nós nem consideramos [criptomoedas como] o Bitcoin, que é mais uma forma de investimento do que pagamento”, afirma Hirsch, acrescentando que “a tecnologia blockchain pode ter um papel futuro nos sistemas de pagamento para substituir o dinheiro, principalmente com soluções que integram QR code, entretanto estamos muito distantes dessa realidade”, completa.