Enquanto startups fintech arrecadam milhares de dólares em investimentos em todo o mundo, no Brasil, elas ainda têm muita dificuldade para levantar recursos e viabilizar suas soluções, é o que mostra um estudo inédito feito por uma das maiores empresas de auditoria do mundo, a PwC, em parceria com a ABFintechs.
Os dados do estudo, segundo o jornal Valor Econômico, revelam que embora 57% das fintechs em operação no Brasil tenham recebido investimentos, a maior parte deste aporte está concentrada em empresas já estabelecidas, sendo o resto dividido em diversas iniciativas em estágios iniciais.
“O Brasil é um ‘hub’ de fintech na América Latina, mas isso não tem se traduzido em acesso a capital”, afirma Rodrigo Soeiro, presidente da ABFintechs.
A falta de uma regulamentação definida prejudica ainda mais as fintechs que desejam operar com criptomoedas, que muitas vezes buscam angariar recursos no mercado externo. Entretanto, quando o assunto é blockchain, algumas fintechs tem sido bem sucedidas e firmaram parcerias com bancos tradicionais que, na ânsia de modernizar seus procedimentos por meio do potencial da tecnologia, têm agregado startups fintech. Como mostrou o Criptomoedas Fácil, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) assinou um Memorando de Entendimento, (MoU) com o órgão suíço FINMA para incentivar o desenvolvimento do setor e o intercâmbio de informações entre os reguladores.
Ainda segundo a pesquisa, enquanto nos EUA, mais de US$2,2 bilhões foram investidos em fintech, na América do Sul inteira foram apenas US$271 milhões, sendo que destes, mais de US$ 150 milhões foram apenas para o Nubank.
Na visão de Soeiro, o segmento no Brasil precisa tornar-se mais visível para atrair investidores estrangeiros que entram no risco de implementação dos projetos. Ele também defende que o setor público tenha um órgão que fomente empresas em estágios iniciais. O próprio BNDES ou a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) poderiam cumprir esse papel, afirma, mas com um foco maior nas fases de concepção e implantação.
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Entre as fintechs, o estudo destaca ainda que tecnologias como blockchain e inteligência artificial tem atraído muito interesse entre os empresários e podem apresentar uma grande tendência de adoção no Brasil. Além disso, as perspectivas de crescimento do setor são promissoras, afinal, metade das empresas afirmou ter aumentado suas receitas acima de 30% no ano passado e 67% disseram esperar esse ritmo de expansão em 2018. Hoje, as fintechs mais bem-sucedidas têm foco estrito, atuam em nichos ou serviços sub-atendidos pelos competidores tradicionais e com tecnologias inovadoras. Crédito e meios de pagamento são as áreas de atuação de 46% delas. No entanto, apenas 17% prestam serviços ao consumidor final.
“As fintechs no Brasil estão aquém do seu potencial. São empresas muito pequenas. Continua sendo um desafio gerar impacto no mercado”, diz a PwC.