No ano passado, os casos envolvendo programas maliciosos que utilizavam poder de processamento de computadores para minerar criptomoedas se tornaram tão frequentes quanto as altas do mercado. Esses programas, chamados de “malwares”, geralmente eram instalados junto com arquivos baixados na internet.
Uma vez instalados no computador do usuário, o programa fazia com que a máquina começasse a gastar poder de processamento para minerar ativos digitais, os quais iam direto para a carteira de um terceiro. Na prática, poder computacional era roubado para a mineração de ativos digitais, e um dos ativos minerados dessa forma era a Monero.
Nesta semana, uma pesquisa apontou que cerca de 5% da Monero atualmente em circulação foram minerados por meio de algum programa malicioso.
De acordo com a pesquisa, realizada pela Palo Alto Networks, a mineração era feita por meio de cryptojacking, nome dado a prática de usar o poder de processamento dos computadores de outros usuários para gerar criptomoedas sem a permissão dos proprietários.
Josh Grunzweig, da equipe de pesquisa de ameaças da Unidade 42, coletou dados – cerca de 470.000 amostras exclusivas – sobre quantos mineradores de fraudes foram identificados dentro da plataforma Wildfire da Palo Alto Network.
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O relatório encontrou 3.773 e-mails conectados a pools de mineração, endereços de 2.995 pools de mineração, 2.341 carteiras Monero, 981 carteiras Bitcoin (BTC), 131 carteiras Electroneum (ETN), 44 carteiras Ethereum (ETH) e 28 carteiras Litecoin (LTC).
De acordo com Grunzweig, a Monero tem um “monopólio incrível” quando o assunto são criptoativos minerados por malware, com um total de US$175 milhões obtidos dessa forma. O valor representa cerca de 5% de todas as Moneros atualmente em circulação. A moeda tem um valor total de mercado de cerca de 1,9 bilhão de dólares, sendo negociado por cerca de 119 dólares e, até o momento da criação desta matéria, com uma queda de cerca de 10% nas últimas 24 horas.
A imagem abaixo traz a representação de cada um das criptomoedas que foram minerados através de malwares e seus respectivos pesos. Observe que a representação da Monero é muito maior do que a de todos os demais juntos, indicando que a maioria dos programas de mineração se destinavam a ele.
Outro dado que foi divulgado pelo estudo diz respeito ao total de poder de processamento (hashrate) dedicado a mineração de Monero via malwares. O documento apontou que esse número representa 19 megahashes por segundo (MH/s), o equivalente a 2% do poder de processamento total da rede da moeda. Em dólares, esse valor representa um total de mais de 30 mil dólares minerados por dia.
Em um email enviado ao portal Cointelegraph, Justin Ehrenhofer, da Monero Malware Response WorkGroup, escreveu que como a Monero é “construída sem nenhum caso de uso explícito”, as pessoas “podem aproveitar a sua privacidade e os recursos de prova de trabalho acessíveis para seu ganho pessoal ilegítimo”.
“A comunidade Monero está interessada em ajudar as vítimas de mineração de sistemas indesejados e outras ações indevidas. Nós nunca seremos capazes de impedir que todas as máquinas sejam comprometidas. A proporção de moedas estimada para ser extraída com o Monero responde em grande parte com o número de máquinas comprometidas. Além de minerar o Monero, eles podem estar enviando spam e monitorando usuários. Esperamos que nossas contribuições limitem o comportamento indesejado pela raiz.”
Ontem, a polícia japonesa informou que abriu uma investigação sobre a relação da Monero com o uso do software de mineração Coinhive. Na semana passada, uma equipe de segurança descobriu que mais de 40 mil computadores de setores como finanças, educação e governo, foram infectados com malwares de mineração, inclusive para a Monero.