A China publicou um novo livro para educar funcionários do governo sobre moeda digital e propor medidas políticas para lidar com desafios emergentes como o Libra do Facebook.
Intitulado Discutindo a moeda digital com autoridades importantes, o livro faz parte de uma série que explora as conseqüências políticas e econômicas de tecnologias como criptomoeda e inteligência artificial. A editora, a Escola Central do Partido, é uma instituição de ensino superior que treina funcionários do governo para o Partido Comunista.
Libra como uma ameaça ao sistema chinês
Conforme relatado pelo jornal chinês Jinse na semana passada, o livro aborda uma ampla gama de tópicos, incluindo moeda digital do banco central, pagamentos transfronteiriços, stablecoins, Libra, ofertas e trocas iniciais de moedas, entre outros.
O livro argumenta que a Libra é um excelente exemplo de parcerias público-privadas e tem potencial para se tornar a futura moeda mundial. Ao mesmo tempo, a criptomoeda do Facebook poderia atrapalhar a tentativa do governo chinês de aumentar a influência internacional do yuan.
“A China originalmente contava com o pagamento móvel para avançar, mas agora Libra tem o potencial de mudar o jogo novamente”, disse Hongzhang Wang, ex-presidente do China Construction Bank. Wang é um dos autores do prefácio do livro.
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A ameaça atinge não apenas o governo chinês, como também as empresas privadas que trabalham com sistemas de pagamentos. Em especial, a Alibaba (Alipay) e o WeChat.
“Não podemos lidar com novos riscos desencorajando desenvolvimentos tecnológicos. Isso permitiria que as empresas americanas construíssem um sistema de moeda digital por meio da tecnologia blockchain. Com isso, elas poderiam ameaçar ou até superar o Alipay ou o WeChat Pay.”
Guerra fria entre EUA e China se estende às criptomoedas
Desde 2017, EUA e China travam uma feroz disputa comercial que tem deixado o mundo apreensivo. A disputa se intensificou após a pandemia de Covid-19, depois que os EUA acusam a China de negligência ao lidar com a disseminação da doença.
No que se refere a criptomoedas, a disputa já dura quase um ano. No começo de julho de 2019, a China anunciou o seu yuan digital. Em dezembro, o chefe da divisão de moeda digital do Banco Central da China (PBoC) afirmou que o yuan digital “não precisaria de uma cesta de moedas para manter seu valor”.
De fato, a declaração foi uma alfinetada na Libra, cuja proposta inicial era ter uma cesta de várias moedas fiduciárias.
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