Em uma recente entrevista para a Cointelegraph, Lautaro Rodriguez Barreiro, gerente da Atlas Quantum na Argentina, destacou que as criptomoedas parecem ter sido feitas para a América Latina por conta falta de confiança nas organizações públicas. Além disso, o executivo destacou que a aceitação dos criptoativos é pouca e ainda não é uma alternativa ao sistema financeiro atual.
“Em relação à utilidade das criptomoedas, depende de que ponto de vista as vemos. De um ponto de vista transacional do dia a dia, hoje, embora existam alguns lugares que aceitam criptomoedas como meio de pagamento, eles ainda são muito poucos. Atualmente, eu não as considero uma alternativa para o público sem banco nesse sentido, uma vez que a vida cotidiana de hoje não é viável sem moeda fiduciária. No entanto, acredito que, no futuro, é possível que se torne uma alternativa; mas isso depende de uma adoção mais massiva que levará tempo”, disse.
Segundo ele, embora as criptomoedas sejam cada vez mais comentadas nos meios de comunicação de massa, ainda são muito pequenas em comparação com a economia global no nível de capitalização de mercado. Elas estão sendo usadas mais e mais e novos players do mercado tradicional estão entrando neste mundo, mas apesar disso, é algo que está apenas começando.
“A América Latina tem um enorme potencial, não apenas por causa da qualidade dos profissionais no setor, mas também porque parece que as criptomoedas foram criadas para nós. Na maioria dos países da região, a confiança no sistema financeiro tradicional está no chão, e não por causa disso, mas por causa de nossa história. Nas criptomoedas, a confiança não é colocada em instituições, mas na blockchain, que é inalterável e tem regras claras que não mudam. Isso, somado à depreciação das moedas locais, é algo que considero extremamente interessante para a região. O cenário dos criptoativos está crescendo dia a dia no mundo e, claro, também na América Latina. Casos extremos como o da Venezuela demonstram em primeira mão uma utilidade real que está sendo usada hoje e não em um futuro distante. O trabalho conjunto das empresas de fintech e criptoativos será fundamental para melhorar esse crescimento”, disse.
Barreiro ainda comentou que “os bancos estão dormindo” em relação à inovação das criptomoedas.
“Isto é o que acontece com todas as novas tecnologias, eles tentam adaptar o antigo para o novo, em vez de pensar com a nova mentalidade a partir do zero. Um exemplo claro é o dos telefones celulares: quando os telefones passaram de telefones fixos para celulares, inicialmente eram semelhantes aos telefones fixos, então evoluíram e tiveram vida própria. Hoje, o telefone fixo perdeu seu significado na grande maioria dos casos. Olhando para o longo prazo, acho que é isso que acontecerá se os bancos não chutarem o placar e começarem a pensar no futuro. Indo para o plano operacional há alguns bancos que são mais amigáveis.”
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