A operação “Lucro Fácil”, comandada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), já executou mandados de busca e apreensão em diversos estados brasileiros, entre eles Campo Grande e São Paulo. O objetivo: apreender documentos e arquivos relacionados a um suposto esquema envolvendo Bitcoin e outras criptomoedas, que já teria arrecadado mais de R$300 milhões e envolve as empresas Minerworld, BitOfertas e BitPago.
No início do mês de maio, uma decisão do juiz David de Oliveira Gomes Filho, da 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos de Campo Grande (Mato Grosso do Sul), determinou o bloqueio de bens de cerca de 11 pessoas acusadas de integrar o esquema de pirâmide financeira disfarçada de operação de mineração (a empresa afirma que inaugurou uma “fazenda” de mineração no Paraguai) e venda de Bitcoins que oferecia uma alta rentabilidade aos seus investidores, no entanto, segundo relatos, os pagamentos acordados não eram cumpridos.
A Minerworld exigia de seus investidores um aporte inicial e prometida um retorno financeiro extraordinário de até 100% ao ano, que poderia aumentar ainda mais com a indicação de novos afiliados, com 10% por indicação direta na “Rede de Afiliados”. Neste ano, ela lançou a MCASH, que segundo a empresa é uma criptomoeda nativa da plataforma, no entanto ela não é aceita para conversão em real ou em criptomoedas no site da Bitofertas, que pertence à MinerWorld. Segundo especialistas no assunto, a prática de supostamente criar uma moeda virtual, no caso de esquemas de pirâmide, tem o intuito apenas de ganhar tempo e perpetuar o golpe. Práticas similares foram adotadas pela MMM no passado.
Entre os acusados estão os pais de Cícero Saad, um dos principais investigados na Lucro Fácil, Raimundo e Mirna Cruz, que foram apontados como apoiadores do “negócio Minerworld”, emprestando a imagem para materiais publicitários. Alvira, mãe de Johnes de Carvalho Nunes (outro investigado na fase inicial da Lucro Fácil), tinha em seu nome veículos usados por outros denunciados, ao passo que Roseneide foi considerada “graduada na hierarquia do negócio” e fundamental na organização de eventos.
O “negócio de família” como vem sendo desvendado pelo Gaeco, pode ter arrecadado mais de 800 bitcoins de 70 mil investidores em mais de 50 países diferentes. O MPMS afirma que a Minerworld começou a ser investigada desde o fim de 2017, quando várias reclamações de investidores foram registradas.
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Minerworld acusa Poloniex
A Minerworld nega as irregularidades apontadas e afirma que “não é, nem nunca foi, uma pirâmide financeira”. Diz também ter sido vítima de uma fraude que rendeu prejuízo, hoje, na ordem de R$23,8 milhões por conta do hack que aconteceu na Poloniex, uma das principais exchanges do mundo sediada nos Estados Unidos. “Desde então, a Miner passou a ter dificuldades para realizar seus pagamentos em dia”, informou a empresa que reforçou que demais esclarecimentos “serão prestados em juízo”.