A Oranje se prepara para estrear na B3 nas próximas semanas e promete agitar o mercado de Bitcoin no Brasil. A empresa segue o modelo consagrado da Strategy de Michael Saylor, ao adotar o BTC como pilar central do seu negócio. Caso a operação seja concluída, de fato, a companhia deve abrir capital com mais de 1.800 BTC em sua tesouraria, valor que a colocará como a maior Bitcoin Treasury Company da América Latina.
Atualmente, o posto pertence ao Méliuz, que possui 604,7 BTC, cerca de US$ 69 milhões. A entrada da Oranje, portanto, representará uma mudança significativa na hierarquia das empresas que transformam o Bitcoin em ativo estratégico para investidores.
A estreia ocorrerá por meio de um IPO reverso. A Oranje comprou o Integraus, cursinho pré-vestibular do grupo educacional Bioma Educação, autorizado pela CVM a emitir ações na bolsa. Após o fechamento do negócio, as companhias seguirão trajetórias independentes.
A Oranje declarou que manterá as atividades educacionais do cursinho, mas também usará a estrutura para criar uma plataforma de cursos livres. O comando da empresa ficará com Guilherme Gomes, ex-presidente da Swan Bitcoin e ex-executivo da gestora Bridgewater Associates. Já Guilherme Affonso Ferreira Filho, da Bioma, assumirá o cargo de CFO. O Itaú atuará como assessor financeiro da operação.
O plano da companhia prevê investimento inicial de US$ 210 milhões, equivalente a cerca de R$ 1,2 bilhão. A partir desse ponto, a Oranje pretende captar recursos no mercado por meio de emissão de dívidas e venda de ações, ampliando gradualmente suas reservas de Bitcoin.
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Oranje Bitcoin e o mercado nacional
O projeto promete um retorno estimado de 45% em BTC no primeiro ano, caso as metas de acumulação e valorização se confirmem. A empresa aposta também no avanço global da adoção do Bitcoin, que hoje gira em torno de 3%.
No entanto, a chegada da Oranje à B3 acontece em meio a sinais de desgaste no modelo das Bitcoin Treasury Companies. As ações da japonesa Metaplanet caíram 39% em 30 dias, mesmo com alta de 1,7% no índice Nikkei. No Brasil, o Méliuz perdeu 17,6% em agosto, apesar de o Ibovespa ter atingido nova máxima.
Até a própria Strategy enfrenta pressão. A companhia acumula 638.460 BTC em tesouraria, mas viu suas ações recuarem 16,7% no último mês. O impacto das compras sucessivas sobre o mNAV, principal métrica dessas empresas, pesa na avaliação do mercado.