A Oranje, autodenominada “Bitcoin Treasury Company” brasileira, prepara sua estreia na B3 no início de outubro. A companhia já chega ao mercado com uma reserva inicial de 3.650 Bitcoins (BTC), equivalente a mais de R$ 2 bilhões. Esse volume supera em seis vezes o total acumulado pela Méliuz, até então a única empresa de capital aberto no Brasil com Bitcoin em tesouraria.
A entrada da Oranje transforma imediatamente a empresa na maior detentora corporativa de Bitcoin do Brasil e da América Latina. De acordo com dados da Bitcoin Treasuries, a companhia também passa a figurar entre as 25 maiores do mundo no segmento.
Liderada por Guilherme Gomes, ex-presidente da Swan Bitcoin e ex-executivo da Bridgewater Associates, a Oranje conseguiu atrair nomes globais para seu capital inicial. Entre os investidores estão os gêmeos Cameron e Tyler Winklevoss, fundadores da exchange Gemini. Além disso, conta com Adam Back, pioneiro do Bitcoin, e Ricardo Salinas, magnata mexicano que mantém 70% de seu patrimônio em BTC.
As gestoras ParaFi Capital e Off Chain Capital também participam da rodada. Enquanto o conselho contará com Eric Weiss, fundador do Blockchain Investment Group e conselheiro de Michael Saylor. A Strategy de Saylor, vale lembrar, detém hoje mais de US$ 72 bilhões em reservas de Bitcoin.
O plano de negócios da Oranje prevê um retorno estimado de 45% em BTC no primeiro ano de operação, caso as metas de acumulação e valorização sejam cumpridas. A companhia também aposta no crescimento da adoção global do Bitcoin, que atualmente gira em torno de 3% da população mundial.
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Oranje estreia na B3
A estreia da Oranje acontece em um momento desafiador para as chamadas “Bitcoin Treasury Companies”. No Brasil, as ações da Méliuz recuaram 17,6% em agosto, mesmo com o Ibovespa em alta histórica. Em setembro, a queda continuou, com perdas adicionais de 12%.
Até mesmo a Strategy de Michael Saylor enfrenta dificuldades: as ações caíram 16,7% em agosto, à medida que as constantes compras de BTC geraram um desconto de mercado em relação ao valor real de suas reservas.
Apesar desse cenário, Gomes mantém o otimismo e destaca o ineditismo do projeto: “Vamos trazer para a América Latina a primeira empresa listada 100% focada em Bitcoin. Nosso objetivo é acumular o maior balanço possível em BTC e investir em educação financeira dos acionistas.”
A Oranje fará sua listagem por meio de um IPO reverso, após adquirir o Integraus, cursinho pré-vestibular do grupo Bioma Educação, que a CVM autorizou recentemente a emitir ações. A fusão ainda aguarda a aprovação formal dos conselhos e dos reguladores, mas Gomes garante que concluirá o processo a tempo: “Estamos cumprindo todas as etapas para tocar o sino na B3 nos primeiros dez dias de outubro.”
Com esse movimento, a Oranje se coloca como protagonista no mercado financeiro brasileiro, prometendo unir educação e inovação em uma estratégia centrada no acúmulo de Bitcoin como reserva corporativa.