Na rede do Bitcoin, as transações são agrupadas em blocos e gravadas em um registro público que se chama cadeia de blocos, a “blockchain”. Os mineradores são encarregados dessa operação, e recebem um prêmio na forma de Bitcoins por cada bloco gravado.
Com o objetivo de recompensar os mineradores pelo trabalho executado, cada bloco minerado vem acompanhado de uma recompensa, ou prêmio, em bitcoins. Esse prêmio é entregue ao minerador que conseguir encontrar o resultado de cada bloco. E é assim que se dá o processo intitulado halving, ou corte de recompensa da rede do Bitcoin.
O que é?
A quantidade de Bitcoins dados como prêmio para esse processo reduz com o tempo: a cada 4 anos essa recompensa cai pela metade. Este evento, o momento que o prêmio pela mineração é dividido por 2 é chamado de “Bitcoin halving” (“halving” significa “dividir pela metade” em inglês). Outras denominações usadas: “redução do prêmio (price drop)”, “prêmio pela metade (reward halving)”, ou simplesmente a redução pela metade (the halving) que é a expressão mais popular.
- 2009 – 50 BTC
- 2012 – 25 BTC
- 2016 – 12.5 BTC
Daqui a pouco mais de um ano, em 2020, teremos um novo halving na rede, o qual reduzirá a recompensa novamente pela metade, chegando a 6.25 Bitcoins por bloco. Aliado a isso, tivermos nessa semana o marco de 17 milhões de Bitcoins minerados, o equivalente a 80% da quantidade prevista, de 21 milhões.
E até o momento do halving, a quantidade de Bitcoins minerados tende a aumentar. No momento de produção desse texto, chegamos a 83% dos Bitcoins minerados. Como mostra a tabela abaixo, temos pouco mais de 3.5 milhões de novos Bitcoins a serem minerados, e teremos 890 mil Bitcoins minerados antes do halving. Portanto, em 2020 teremos quase 90% dos Bitcoins totais já minerados e em circulação no mercado.
Com menos de 20% dos bitcoins restantes a serem minerados e a pouco mais de 1 ano para o acontecimento do próximo corte da recompensa, como tais eventos podem interferir no preço do Bitcoin e na lucratividade do processo de mineração?
Inflação
Ao contrário do que muitas pessoas pensam, o Bitcoin sofre com a inflação. No entanto, aqui falamos de inflação como um conceito diferente do utilizado pela mídia e pelos economistas tradicionais.
Estes – e a maioria das pessoas leigas – definem inflação como um aumento nos preços dos bens e serviços em uma economia. Essa, no entanto, é uma definição incorreta. Aumento de preços é uma consequência do processo de inflação, segundo a definição de inflação sugerida pela Escola Austríaca de Economia, a qual utilizaremos nesse tópico.
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Na definição austríaca, inflação significa o aumento da oferta de dinheiro em uma economia. Quanto maior for esse aumento, mais dinheiro haverá disponível, o que tende a diminuir o valor de cada unidade individual desse dinheiro (seja ele ouro, moedas fiduciárias ou criptoativos). Essa diminuição no valor do dinheiro, por sua vez, provoca aumento dos preços na economia.
Uma das grandes vantagens do Bitcoin a respeito de outras moedas, especialmente sobre moedas fiduciárias, é que podemos saber com exatidão quanto será a inflação do Bitcoin, hoje ou daqui há 20 anos. E uma das formas mais eficientes de ver isso é através do halving.
Observe o quadro abaixo:
A atual inflação do Bitcoin é de 3,83%, um pouco maior do que a taxa histórica de extração de ouro na natureza, que se situa próximo dos 2% ao ano (usamos o ouro como comparação em virtude do mesmo apresentar semelhanças com o Bitcoin, como escassez, dificuldade de produção e servir como reserva de valor).
Entretanto, o próximo halving trará uma consequência interessante: pela primeira vez na história, o Bitcoin terá uma taxa de emissão próxima a do ouro. De 1.800 Bitcoins gerados por dia (taxa atual de emissão, teremos apenas 900 novos Bitcoins diários, o equivalente a uma inflação monetária de 1.8%.
E quais os impactos que um corte de 50% na inflação do Bitcoin pode ter no seu preço?
Qual é o impacto sobre o preço?
Basicamente, existem dois grandes agentes no mercado de Bitcoin: os investidores e os mineradores. E ambos podem sentir os efeitos da divisão da recompensa do bloco de maneiras diferentes.
Para os mineradores, a tendência é de que haja um grande movimento de saída para aqueles que possuírem máquinas menos eficientes, uma vez que o valor recebido pela mineração do bloco pode não compensar o esforço. Para isso, podemos recorrer ao passado: no início do Bitcoin não havia uma grande quantidade de máquinas realizando mineração, o que permitia a muitas pessoas usar uma simples CPU para realizar o processo – algo totalmente impossível hoje em dia.
Já para os investidores, existem duas expectativas: a primeira delas é um grande movimento de compra de bitcoins no pré-halving, dias ou até meses antes. Isso pode causar uma grande variação no preço da moeda a curto prazo. Uma segunda expectativa é uma maior valorização do preço da moeda, devido ao arrefecimento da curva de oferta da moeda.
Um exemplo disso foi o ocorrido no último halving. No dia do evento, o preço do Bitcoin estava em US$662. Já no final do mesmo ano, o preço já tinha alcançado US$985, quase 50% de valorização.
Isso para não mencionarmos o grande rali de alta que aconteceu no ano seguinte, onde o Bitcoin chegou a incríveis 1800% de alta.
Como qualquer bem livremente comercializado, o preço do Bitcoin depende apenas da oferta e da demanda. A evolução da demanda de Bitcoin é fixa e sabida por todos, por isso tudo depende da evolução da demanda. Bitcoin é uma moeda muito nova com muito espaço para crescer em uso e valor, eu pessoalmente apostaria em um aumento do valor. Quanto? Quando? Isso ainda é 100% imprevisível. Porém uma coisa é certa: quando acontecer a divisão, o preço já estará sendo refletido nas casas de cambio, graças a antecipação do mercado. Então não espere um grande movimento do preço no dia exato da divisão, uma vez que isso já teria sido feito.
E outro fator interessante: após o halving, o Bitcoin alcançará uma inflação abaixo de 2%. Essa é a média histórica da inflação do ouro, a última moeda segura experimentada pela humanidade. Embora os efeitos possam ser imprevisíveis, podemos verificar algum avanço para o uso da criptomoeda de forma corrente.
Com uma maior escassez do ativo e uma maior procura – especialmente por parte de investidores institucionais – o preço do Bitcoin poderá experimentar um novo rally de alta, a exemplo do que ocorreu em 2017. No entanto, dessa vez a alta seria sustentada por fundamentos ainda mais sólidos do que os que existiam naquele ano, e mesmo atualmente. Além disso, o maior conhecimento dos investidores a respeito do que é o Bitcoin pode trazer uma alta mais consistente do que a anterior.
Uma forma eficiente de verificar a força do Bitcoin é medir a mínima histórica na cotação do criptoativo desde a sua criação. Foi o que fez o usuário @1stCrassCitizen em seu Twitter. Podemos observar que, com exceção de 2015, em nenhum ano, o Bitcoin terminou com uma mínima menor do que a do ano anterior.
Outro fato interessante: em 2016, ano do último corte de recompensa, o Bitcoin praticamente dobrou de valor em relação ao ano anterior (2015). Embora rentabilidade passada não represente rentabilidade no futuro vemos aqui um indicador que mostra otimismo para 2019.
Outros exemplos
Note que existem outros exemplos de divisão para comparar. A primeira divisão ocorreu em 28 de novembro de 2012. Nesse dia o preço subiu +1.7%, uma variação bem normal.
Entretanto os últimos e próximos meses, tem mostrado crescimento, e levado ao famoso pico do início de 2013 o preço foi de US$13 para $260 em quatro meses.
Mais recentemente, a Litecoin, um clone do Bitcoin, viveu sua primeira divisão em 25 de Agosto de 2015. Dois meses antes, um aumento especulativo fez o preço subir de US$2 para US$8 antes de cair para US$3.