Os bancos digitais surgiram com uma proposta diferenciada e inovadora, mas agora são acusados de bloquear transações de seus clientes. As acusações caem sobre o Nubank e o Banco Inter, que estariam bloqueando transações de compras de criptomoedas.
De acordo com essas reclamações, transferências de contas para a exchange Binance estão sendo bloqueadas por ambas as instituições. Assim, os clientes alegam que não conseguem efetuar compras de criptomoedas por causa desse bloqueio.
Usuários denunciam bloqueios
As reclamações começaram a ganhar corpo no final de semana, quando muitos clientes da Binance tentaram comprar criptomoedas. Para isso utilizaram o sistema de pagamentos instantâneos Pix, que funciona 24 horas por dia.
Dessa forma, o Pix deveria servir como uma ferramenta de facilitação, já que permite compras durante o fim de semana. Contudo, as operações do Pix realizadas em contas do Nubank e do Inter não estavam sendo processadas.
Basicamente, ocorriam dois problemas quando os clientes tentavam realizar a compra. Ou o pix não era enviado para a chave da Binance, ou então a transação acontecia, mas era devolvida logo depois. Em ambos os casos, o dinheiro não caía na conta.
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Os bancos @Nubak e @Bancointer estão bloqueando depositos na @Binance, isso é fácil de resolver..
Só encerrar sua conta e migrar para outro banco que respeite você.
— Jack ?? (@lybrjack) February 13, 2022
Bancos bloqueiam Pix
No caso do Inter, as operações não apenas foram bloqueadas como também o limite de transferências via Pix. Ou seja, os clientes da Binance ficaram impossibilitados de fazer qualquer tipo de transferência.
Alguns clientes chegaram a abrir processos de reclamação no site Reclame Aqui contra o Inter. Um desses clientes disse que se sentiu “penalizado” pelo banco sem nenhum motivo.
“Minhas transações simplesmente foram zeradas sem prévio aviso e sem nenhuma transparência. Me senti realmente penalizado, sem nenhuma oportunidade de realizar transações e ainda tendo de esperar 24 horas ou mais para fazer um pix, no qual eu tinha urgência”, disse o usuário.
Em resposta, o Inter afirmou que por questões de sigilo bancário não poderia revelar o motivo do bloqueio. Mas alertou que os usuários não tentassem realizar novas transferências via Pix para a instituição selecionada – ou seja, a Binance.
Reação da comunidade e respostas
A atitude do Nubank e do Inter causou revolta entre os clientes, que reclamaram de não ter a liberdade de usar seu próprio dinheiro. Muitos afirmaram que iriam cancelar as contas nas instituições, enquanto outros aproveitaram para destacar a diferença entre os bancos e o Bitcoin (BTC).
Nesse sentido, os bancos são entidades centralizadas que não fornecem ao cliente liberdade de utilizar seu dinheiro, enquanto o BTC não possui qualquer censura. Foi o que ilustrou Seiiti Arata, fundador da Arata Academy e recém-declarado defensor das criptomoedas:
Obrigado @nubank e @Bancointer por ajudarem a explicar para a população a diferença entre dinheiro centralizado (que vocês controlam) e dinheiro descentralizado (também chamado #bitcoin)
— Seiiti Arata (@seiitiarata) February 13, 2022
Esta não é a primeira vez que bancos e exchanges de criptomoedas entram em conflito. No passado, grandes bancos, como Itaú e Bradesco, já haviam cancelado contas de exchanges e até de alguns vendedores P2P.
No entanto, esta é a primeira vez que bancos bloqueiam transferências via Pix para exchanges, um ato considerado mais extremo. E a medida partiu de bancos digitais, instituições que supostamente são pró-inovação e pró-mercado.
O CriptoFácil entrou em contato com a Binance, o Nubank e o Inter para identificar os motivos dos bloqueios. Em nota, o Nubank respondeu afirmando que a medida visa combater fraudes e não era uma restrição específica para criptomoedas.
“O Nubank esclarece que a ação de segurança faz parte de um mecanismo preventivo anti-fraude aplicado em compras de cartão de crédito a determinados estabelecimentos. Não há qualquer relação com um segmento de mercado, produto ou serviço em particular. Enfatizamos, inclusive, nosso entusiasmo com tecnologias disruptivas capazes de atender as necessidades dos clientes, como tem se apresentado o universo das criptomoedas, uma tendência global.”
A Binance respondeu afirmando que não iria comentar o caso, enquanto o Inter não se pronunciou até o fechamento desta matéria.
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