Durante os últimos três meses, o movimento dos coletes amarelos (Gilets Jaunes, em francês) na França continuou ativo, com fervorosos protestos contra os impostos, o sistema bancário e os burocratas da região. No início de janeiro, o movimento ameaçou o sistema bancário do país com uma corrida aos bancos, mas a ameaça não foi concretizada.
No entanto, isso não diminuiu o ímpeto do grupo em promover protestos fora do convencional contra o sistema financeiro. Em 01 de fevereiro, um grupo de Gilets Jaunes que trabalha em uma fábrica de impressão de dinheiro explicou seu novo plano de protesto: a queima de paletes de notas, começando com as notas de dinheiro de Israel (Shekel).
A queima de moedas estrangeiras
O movimento sempre fez manchetes em todo o mundo, enquanto protestava contra o sistema monetário e a política do país.
Na terça-feira, 05 de fevereiro, cerca de 18.000 manifestantes participaram de uma passeata em Paris, andando lado a lado com outros 12.000 sindicalistas da CGT, um dos principais sindicatos franceses. O protesto também seguiu uma demonstração na sexta-feira, que mostrou funcionários alegando trabalhar para a fábrica de cédulas do Banque de France.
O grupo, associado ao colete amarelo, ameaçou queimar grandes somas de notas de dinheiro. Um correspondente do portal Bitcoin.com na França explicou como os manifestantes estão exigindo justiça fiscal e social com essa forma única de protesto.
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“Nos últimos 15 dias, gravamos papel para passaporte, cheque bancário e papel cartão cinza para documentos de veículos”, explica o vídeo do grupo de queima de notas no Facebook. “Mas o governo francês é completamente surdo aos nossos apelos, então passamos para o próximo nível. Se o governo francês continuar fazendo parecer que nada está acontecendo, vamos fazer isso (queimar notas) para que todo o mundo saiba o que está acontecendo.”
Os funcionários da fábrica de notas declaram:
“A partir de hoje, começamos a queimar ações de notas estrangeiras – A primeira resma de papel que temos aqui é para notas de Shekel de Israel. Começaremos por elas, depois queimaremos tudo. Se o governo francês não mudar, todos os países estrangeiros que estão aguardando suas notas não receberão nada.”
Uso em massa do Bitcoin
O site Bitcoin.com cobriu o movimento dos coletes amarelos na ocasião, em que conhecidos usuários de Bitcoin explicaram que os Gilets Jaunes deveriam realmente atingir os bancos onde dói, mudando de fiat para criptomoedas.
Ao mesmo tempo, a economia mundial vem estremecendo mais uma vez e os economistas estão prevendo outra crise global semelhante a 2008. Muitas regiões como Venezuela, Sudão do Sul, Turquia, Haiti, Zimbábue e Argentina estão sofrendo com dificuldades econômicas específicas, que fizeram a população adotar o Bitcoin em massa.
Uma simples adoção do Bitcoin por um quinto da população de um grande país poderia contribuir para que o sistema bancário tradicional passasse por sérios problemas.
“Se cada francês convertesse 20% de seus depósitos bancários em Bitcoin, os bancos franceses entrariam em colapso e muito derramamento de sangue poderia ser evitado”, disse Max Keiser em 9 de dezembro de 2018.
A incerteza econômica em todo o mundo reforçou o sonho da adoção em massa do Bitcoin. Muitos acreditam que as criptomoedas terão a atenção em massa da maioria dos cidadãos que vivem em países empobrecidos. O co-fundador do Instituto Satoshi Nakamoto, Daniel Krawisz, disse uma vez:
“Um evento de ‘hiperbitcoinização’ será muito mais rápido do que um evento de hiperinflação.”
Um artigo de 2014 escrito por Krawisz detalha como um país lidando com a hiperbitacionalização experimentaria uma transição voluntária de uma moeda inferior para uma superior. A adoção pelo país representa uma “série de atos individuais de empreendedorismo em vez de um único monopólio que joga o sistema”.
A postagem de Krawisz continua dizendo:
“A hiperbitcoinização deve ser acompanhada por uma rápida melhora na produtividade e riqueza – A hiperbitcoinização provavelmente será um momento confuso para todos, como uma segunda adolescência. No entanto, uma vez terminado o processo, em um futuro distante ninguém será capaz de imaginar como sobrevivíamos com o sistema anterior (de moedas fiat).”.
Nascimento via perda de confiança
O movimento dos coletes amarelos é semelhante ao movimento Occupy Wall Street que ocorreu após a crise de 2008, e também ao nascimento do Bitcoin (2008).
Cidadãos globais estão cansados de seus líderes e perdem a confiança nas moedas emitidas por bancos centrais que são impressas aos trilhões todos os anos. Elas estão cansadas desse sistema e acreditam que algo tem que dar. O correspondente do Bitcoin.com afirmou que a maioria das pessoas não usa coletes amarelos nos dias de hoje porque se você pegar o trem “para ir a Paris e a polícia verificar que você tem um colete amarelo, eles podem prendê-lo”.
Os manifestantes na França ameaçam queimar grandes pilhas de notas, mas também estão imprimindo imagens especiais de coletes amarelos nas notas de banco, como podemos ver abaixo. É uma silenciosa revolução que se torna cada vez mais barulhenta e chamativa.
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