A Movement Labs, startup cripto ligada à World Liberty Financial de Donald Trump, enfrenta uma nova onda de críticas após a revelação de acordos não divulgados que prometiam milhões em tokens a lobistas. Documentos internos obtidos pela CoinDesk mostram que a empresa comprometeu grandes quantidades do token MOVE a conselheiros estratégicos antes mesmo do lançamento oficial.
De acordo com dois memorandos, Movement Labs firmou acordos para entregar quase 10% da oferta total do token MOVE a dois conselheiros próximos, Sam Thapaliya e Vinit Parekh. A startup, fundada em 2023 por dois jovens empreendedores de Vanderbilt, não havia divulgado essas promessas aos investidores, gerando questionamentos sobre transparência e gestão.
Um dos documentos revela que um único conselheiro receberia US$ 2 milhões por ano em troca de apoio estratégico e participação nas decisões de marketing. A Movement Labs afirmou que os acordos eram apenas exploratórios e não vinculativos, mas os termos exigiam o consentimento de ambas as partes para qualquer rescisão.
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Movement: discordância entre os fundadores
O escândalo fez o token cair cerca de 5%, de acordo com o CoinMarketCap, para US$ 0,20. Além disso, expôs uma divisão interna entre os fundadores da startup.
Rushi Manche, que foi demitido recentemente, afirmou que deixou as decisões comerciais com Cooper Scanlon, cofundador e ex-CEO. Manche alega que Scanlon liderou a aprovação dos contratos controversos, enquanto ele se concentrou na área técnica.
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“Quando iniciamos a Movement, eu era o CTO e liderava a equipe de engenharia”, disse Manche à CoinDesk. “Deixei as decisões comerciais para Cooper, mas sua postura nos primeiros dias moldou o lançamento.”
Scanlon, que continua na empresa, mas deixou o cargo de CEO, enfrenta críticas por sua proximidade com Sam Thapaliya, apelidado de “cofundador sombrio” por funcionários que preferiram o anonimato.
Acordos não divulgados e tokens misteriosos
Os documentos indicam que Thapaliya recebeu 5% da oferta total do MOVE para promover o projeto e facilitar acordos com market makers. Outro acordo garantiu a ele mais 2,5% dos tokens, totalizando mais de US$ 50 milhões. Apesar de Movement Labs afirmar que os contratos não eram vinculativos, Thapaliya alega que jamais foram anulados.
Thapaliya defende que seu trabalho esteve dentro do acordado:
“Cumpri as obrigações do contrato, auxiliando na estratégia de alocação de tokens e na escolha dos market makers.”
Além disso, outro conselheiro, Vinit Parekh, firmou um acordo para receber US$ 50 mil por milhão arrecadado, o que poderia alcançar US$ 2 milhões anuais. A Digital Incubation Group, empresa de Parekh, foi encarregada de desenvolver estratégias e apoiar a captação de recursos.
A crise interna da Movement Labs ganhou notoriedade após a revelação de que a empresa firmou um acordo de market making com a Web3Port, empresa chinesa acusada de despejar US$ 38 milhões em tokens logo após o lançamento. Essa operação prejudicou a valorização da MOVE e provocou a suspensão da negociação na Coinbase.
O impacto foi significativo: após o escândalo, o token perdeu 50% de seu valor em apenas uma semana. Para tentar conter os danos, Movement Labs anunciou a criação de uma nova entidade, a Movement Industries, que assumirá o desenvolvimento da rede.