A mineradora de Bitcoin Bitfarms decidiu abandonar o mercado de criptoativos depois de anos marcada por custos elevados, margens apertadas e sucessivas quedas de receita. A empresa anunciou que iniciará uma transição ampla e definitiva para infraestrutura de computação de alta performance e inteligência artificial, mudando totalmente o rumo de seu negócio. A decisão surge em um momento de forte volatilidade para o setor, e, por isso, atraiu muita atenção nos mercados financeiros.
A empresa, listada em bolsa, explicou que encerrará suas operações de mineração de Bitcoin entre 2026 e 2027, seguindo um plano que será implementado gradualmente. A mudança também acompanha a divulgação dos resultados do terceiro trimestre, quando a Bitfarms registrou um prejuízo líquido de US$ 46 milhões, valor muito acima das perdas de US$ 24 milhões observadas no mesmo período do ano anterior.
O CEO Ben Gagnon afirmou que a conversão do negócio está alinhada com a visão estratégica da companhia e destacou que o site de Washington será o primeiro a passar pela transformação. O local possui capacidade de 18 megawatts e deverá ser adaptado para operar com Nvidia GB300s e resfriamento líquido avançado, estrutura que permitirá oferecer serviços de GPU para empresas que buscam capacidade computacional de última geração.
Mineradora de Bitcoin deixa o mercado cripto
Ele afirmou também que a conversão desse único site pode gerar mais receita operacional líquida do que toda a mineração realizada pela empresa em sua história. O dado reforça a mudança de perspectiva dentro da companhia.
Gagnon explicou ainda que a Bitfarms avalia que a demanda global por computação de alto desempenho cresce rapidamente. De acordo com ele, essa demanda tende a superar, com folga, o potencial de retorno da mineração de Bitcoin nos próximos anos.
Confira nossas sugestões de Pre-Sales para investir agora
A empresa opera atualmente 12 centros de dados na América do Norte, com capacidade total de 341 megawatts. Embora essa estrutura tenha sustentado sua atuação no setor de cripto, a direção avalia que o aumento da dificuldade da rede Bitcoin, aliado ao avanço dos custos de energia, reduziu drasticamente a viabilidade da operação. Por isso, a gestão considera que o foco em inteligência artificial e HPC representa uma oportunidade mais estável e rentável.
O mercado reagiu de forma intensa ao anúncio. As ações da Bitfarms recuaram cerca de 18% no pregão de quinta-feira, fechando o dia a US$ 2,60. Nos últimos 30 dias, a empresa já acumula mais de 50% de queda, refletindo as incertezas sobre o futuro do setor e o impacto direto das mudanças estruturais no negócio.
A concorrência também observa movimentos parecidos. Mineradoras como MARA e IREN já iniciaram ajustes em suas operações para atender empresas de tecnologia interessadas em processamento para IA. No entanto, a Bitfarms é a primeira grande companhia a anunciar, de forma clara, que abandonará completamente a mineração de Bitcoin.
Ambiente competitivo
Gagnon reforçou que o ambiente competitivo mudou e que o segmento de IA oferece margens superiores e previsibilidade maior do que a mineração. Ele lembrou que o crescimento da atividade está migrando para regiões com energia mais barata, como Oriente Médio, África e Rússia, reduzindo ainda mais a vantagem operacional das empresas sediadas nos Estados Unidos.
Apesar do momento delicado, a Bitfarms disse acreditar que sua transição será bem-sucedida e destacou que já converteu um financiamento de US$ 300 milhões. O objetivo é acelerar a implantação de um novo centro de dados em Panther Creek, na Pensilvânia. A expectativa é de que a infraestrutura voltada para computação de alto desempenho torne a companhia mais competitiva.



