Na semana passada, o economista Saifedean Ammous, autor do livro ‘O Padrão Bitcoin’, recebeu em seu podcast Michael Saylor, fundador da MicroStrategy. O tema do episódio foi os primeiros quatro anos de Saylor envolvido com o Bitcoin, mas também virou um debate sobre os chamados “empréstimos de Bitcoin”.
Saylor compartilhou sua opinião sobre o papel do Bitcoin no sistema bancário tradicional e defendeu o uso do BTC como colateral para rentabilizar patrimônio. Mas Ammous se mostrou contra essa visão e citou riscos de empresas que já declararam falência, como FTX e Celsius.
Michael Saylor propõe empréstimos lastreados em Bitcoin
No debate recente sobre alavancagem, serviços bancários e Bitcoin, Saylor e Ammous compartilharam pensamentos sobre as sinergias comuns entre o BTC e o setor bancário tradicional.
Para o fundador da MicroStrategy, os bancos americanos “grandes demais para falir” apoiados pelo governo podem oferecer aos usuários empréstimos em USD pedindo Bitcoin como garantia. Na visão de Saylor, isso permitiria que os detentores de Bitcoin gerassem rendimento e vivessem de seus BTC sem vendê-los.
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Além disso, eles também se beneficiariam da valorização do preço do BTC juntamente com o risco de crédito de grandes bancos como JPMorgan, Citi ou Bank of America como uma vantagem. Dessa forma, o investidor poderia usar Bitcoin como garantia da mesma forma que utiliza sua casa para contrair um empréstimo via hipoteca.
Serviços dessa natureza não são uma novidade, mas esbarram em riscos de custódia e também na alta volatilidade do BTC, que pode exigir que o tomador deposite uma garantia maior para o empréstimo.
Ammous: ‘é uma má ideia’
No entanto, Ammous expressou ceticismo sobre a viabilidade do uso do Bitcoin como garantia e também para obter rendimentos. Ele disse que modelos como esse podem levar a falhas semelhantes às vistas em empresas como Celsius ou BlockFi, que faliram e tiveram que bloquear saques dos clientes.
Além disso, ele também alertou que tais sistemas são insustentáveis sem um credor de última instância, como um banco central. Como o Bitcoin não tem uma entidade que resgate os bancos, não há como salvar credores em caso de colapso dessas empresas.
Saifedean aponta claramente que o modelo da MicroStrategy depende da suposição de que o USD nunca falharia. Mas com os crescentes apelos pela desdolarização e os sistemas de pagamento do BRICS em funcionamento, a queda no domínio do dólar pode aumentar esses riscos
Para preencher essa lacuna de empréstimos, a CEO do Custodia Bank, Caitlin Long, propôs uma alternativa: emprestar BTC com alavancagem de até 1 para 1. “Esse nível de alavancagem é bom. Emprestar acima da alavancagem de 1:1 significa que o credor está insolvente, por definição”, explicou Long.