O debate sobre a digitalização completa do mercado financeiro americano ganhou força nesta semana. O presidente da SEC, Paul Atkins, afirmou que os Estados Unidos podem transferir todo o sistema de investimentos para blockchain nos próximos dois anos. A declaração, feita durante uma entrevista à Fox, elevou a discussão sobre a adoção de tecnologias descentralizadas por bancos, corretoras e gestoras de ativos.
Atkins destacou que a próxima transformação estrutural do setor virá da tokenização e da digitalização de mercados, processo que já conquistou espaço em instituições tradicionais ao redor do mundo. Ele ressaltou que a infraestrutura usada por criptomoedas como o Bitcoin demonstra eficiência, segurança e capacidade de operar em escala global sem dependência de intermediários.
Ao mesmo tempo, dados recentes do Banco de Compensações Internacionais mostram que 90% dos bancos centrais estudam depósitos tokenizados. Esse movimento confirma que a tokenização deixou de ser conceito teórico e passou a ser prioridade para o sistema financeiro global, que busca processos mais rápidos e auditáveis.
Além do setor tradicional, grandes empresas nativas da Web3 ampliam sua presença no debate. Durante o Abu Dhabi Finance Week, o CEO da OKX, Star Xu, afirmou que metade da economia mundial pode operar em blockchain nas próximas décadas. Ele explicou que novas gerações já adotam serviços digitais e exigem sistemas capazes de funcionar com velocidade, transparência e custos menores.
Blockchain no mercado tradicional
O Brasil segue movimento semelhante e pode sair na frente dos EUA. A CVM pediu ao Centro de Regulação e Inovação Aplicada (Cria) uma avaliação técnica sobre como a tecnologia blockchain pode ser aplicada nesses ambientes. O pedido não surgiu do nada. A autarquia já trabalha com tokens e blockchain dentro do sandbox regulatório. Além disso, recentemente, aprovou a BEE4 como a primeira empresa de tokenização do país a atuar fora do sandbox, o que mostra que o tema amadureceu.
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Assim, ao analisar os depositários centrais, como a B3, a CVM quer saber se os registros de ações, debêntures e títulos públicos podem migrar para sistemas tokenizados. A ideia é avaliar como a tecnologia pode ampliar transparência, eficiência e segurança, reduzindo erros de registro e fortalecendo a auditabilidade. Já nos mercados de balcão, a autarquia procura entender se a tokenização pode tornar negociações menos líquidas mais acessíveis, rápidas e baratas.
Um mercado operando em blockchain poderia realizar emissão, registro, custódia e liquidação quase em tempo real, com menos intermediários e custos reduzidos. Eles destacam também a possibilidade de fracionamento de ativos, permitindo que investidores comprem partes de ações ou debêntures, o que democratizaria o acesso e ampliaria o público participante.
As propostas da CVM de uso do blockchain estão inclusas na revisão da IN 88 e na proposta da Instrução Normativa 135 ‘light’.
Vantagens da blockchain
Outra vantagem relevante está na segurança. Registros em blockchain são imutáveis e auditáveis, reduzindo riscos de fraude e aumentando a confiança entre emissores e investidores. Além disso, contratos inteligentes podem automatizar dividendos, juros e amortizações, tornando o processo mais previsível.
Assim, enquanto a CVM aprofunda seus estudos, a B3 já avança com plataformas de tokenização, incluindo sistemas para emissão e negociação de ativos digitais, tokenização de debêntures e até soluções para crowdfunding. Desse modo, a Bolsa também desenvolveu uma parceria com a Ambipar para créditos de carbono tokenizados, permitindo que cada token represente uma tonelada de CO₂ compensado, com rastreabilidade total.


