Pela primeira vez, a operadora de cartões Mastercard possibilitará o envio de dinheiro através de uma Blockchain ao invés do cartão de crédito.
Depois de dois anos trabalhando no desenvolvimento da sua própria versão da tecnologia Blockchain, que ficou conhecida depois do surgimento do Bitcoin, a Mastercard anunciou nesta sexta-feira, 20 de outubro, que está disponibilizando a sua Blockchain para determinados bancos e comércios como uma alternativa potencialmente mais eficiente para pagamento de bens e serviços.
Confirmando a tendência no crescimento da tecnologia subjacente das criptomoedas, a Mastercard é a segunda empresa da lista de empresas da Fortune, revista de negócios norte-americana, a começar a facilitar pagamentos através da Blockchain. Na segunda-feira, 16 de outubro, a IBM revelou também ter adotado o processamento de pagamentos através da sua própria Blockchain entre os bancos do Pacífico Sul.
Assim como a IBM, a Mastercard também está focando em pagamentos entre empresas de diferentes países como o principal objetivo da sua Blockchain, que inclusive só pode ser utilizada com convite prévio. No entanto, a Blockchain da Mastercard difere-se da Blockchain da IBM, já que diferentemente da operação da empresa de tecnologia que apenas envia dinheiro em forma de Lumens, moeda virtual criada pela empresa sem fins lucrativos Stellar, a operadora de cartões opera independente de uma criptomoeda, aceitando portanto pagamentos em moeda tradicional local.
Não estamos usando criptomoeda, e não estamos introduzindo uma nova moeda digital no mercado, pois isso impacta em outros desafios, legais e regulamentares”, diz Justin Pinkham, vice-presidente da Mastercard Labs, laboratório de pesquisa que lidera as iniciativas de Blockchain da empresa. “Se você fizer um pagamento, o que podemos fazer é transferir esses fundos da maneira que hoje fazemos com a moeda fiduciária, completou.
Essa proposta contrasta com as formas que a Blockchain foi usada até agora, em que atuam com uma criptomoeda em que foram vinculadas, como por exemplo com o Bitcoin e o Ethereum.
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Apesar disso, Pinkham afirma que a Mastercard tem uma vantagem que as outras blockchains não possuem: uma rede que inclui 22 mil bancos e instituições financeiras em todo o mundo (enquanto a IBM anunciou a inclusão de somente 13 bancos em sua blockchain). Essa é uma consequência da dependência que as empresas ainda possuem em relação às moedas emitidas pelos governos para fazer negócios.
A Mastercard espera fornecer os benefícios da tecnologia blockchain, incluindo uma maneira mais segura e transparente de fazer e rastrear pagamentos, dentro do sistema financeiro existente, e sem a necessidade de uma moeda digital. “O que estamos trazendo à mesa é uma combinação única da tecnologia blockchain a com a já operante rede da Mastercard”, disse Pinkham.
Uma das promessas da proposta da Mastercard é de que as empresas possam reduzir custos utilizando a blockchain para pagamentos entre países, que geralmente passam por diversos bancos estrangeiros acumulando taxas sobre taxas. A Blockchain da Mastercard, no entanto, poderia eliminar esses intermediários, conectando o banco de um comprador diretamente ao fornecedor e executar o pagamento de forma mais eficiente.
Algumas empresas já se inscreveram para usar a blockchain da operadora de cartões, confirma Pinkham, embora ele tenha recusado dar nomes.
Os consumidores, porém, não poderão substituir a Blockchain da Mastercard pelos seus atuais cartões, pelo menos não em breve. Pinkham também diz não ver o Bitcoin como uma ameaça. “Sentimento que os pagamentos com cartão são simples, seguros e fáceis de usar, portanto atendem melhor às necessidades dos consumidores“, acrescenta.