Em meio às incertezas econômicas e políticas nos Estados Unidos, os fundos de ativos digitais registraram um influxo recorde entre o fim de abril e começo de maio, com o Bitcoin liderando as entradas (US$ 1,8 bilhão). O movimento, que totaliza US$ 5,5 bilhões em apenas 15 dias, sinaliza uma guinada no sentimento dos investidores institucionais, que buscam refúgio no ativo enquanto os dados de emprego e tensões comerciais abalam os mercados tradicionais.
Os fundos de ativos digitais iniciaram maio com força total, registrando US$ 2 bilhões em entradas na última semana. Os dados, divulgados pela CoinShares, revelam uma reversão drástica no cenário após meses de saídas significativas, sinalizando uma renovada confiança dos investidores institucionais, especialmente nos EUA, responsáveis por 95% do volume (US$ 1,9 bilhão).
Bitcoin como refúgio à volatilidade americana
A mudança de postura do governo Trump em relação às tarifas alfandegárias suspensas até julho após uma série de ameaças trouxe alívio. Contudo, isso também paralisou os mercados. Somado a isso, os dados de emprego divulgados pelo Bureau of Labor Statistics indicam uma desaceleração econômica, com criação de vagas em abril abaixo do registrado em março.
Nesse sentido, os investidores dos EUA estão realocando capital em busca de ativos menos expostos às turbulências domésticas. O Bitcoin emergiu como principal destino, absorvendo US$ 1,8 bilhão dos US$ 2 bilhões entrados na semana.
A preferência pelo Bitcoin superou até mesmo o ouro, historicamente considerado o ativo-refúgio por excelência. Enquanto o BTC valorizou 10% nas últimas duas semanas, o metal caiu na mesma proporção.
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Além disso, os ETFs de Bitcoin apresentaram desempenho superior aos ETFs de ouro. De acordo com analistas do Standard Chartered, o Bitcoin superou o ouro na preferência dos investidores americanos que buscam realocar capital para fora do país.
Segundo Geoff Kendrick, a diferença entre os fluxos para ETFs de Bitcoin e ETFs de ouro atingiu sua maior margem desde a semana das eleições presidenciais americanas. Período após o qual o preço da criptomoeda subiu mais de 40%, ultrapassando US$ 100 mil em apenas dois meses.
Ethereum e outros ativos: participação tímida
Em segundo lugar, os fundos vinculados ao Ethereum atraíram US$ 149 milhões, consolidando uma recuperação gradual após semanas de pressão vendedora. Outros ativos, como XRP (US$ 10 milhões) e Solana (US$ 6 milhões), tiveram participação marginal, reforçando a dominância do Bitcoin como ativo de “porto seguro” institucional.
Fora dos EUA, Alemanha (US$ 47 milhões), Suíça (US$ 34 milhões) e Canadá (US$ 20 milhões) lideraram as entradas, ainda que em volumes modestos. A Suíça, em particular, chama atenção pela reversão de saídas acumuladas no ano (US$ -246,4 milhões), sugerindo uma reavaliação estratégica por parte dos gestores locais.
Para onde vai o fluxo?
Se a desconfiança na economia americana persistir, o Bitcoin pode consolidar seu papel como alternativa ao ouro. No entanto, a eventual retomada de tarifas por Trump ou novos sinais de recessão nos EUA podem testar a resiliência desse movimento.
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