O saldo líquido de importações de Bitcoin e criptoativos no Brasil atingiu US$ 14 bilhões entre janeiro e outubro de 2024.
De acordo com o Banco Central, esse montante contribuiu significativamente para o recorde histórico de US$ 56,2 bilhões em saída líquida de dólares no período, o maior registrado desde o início da série histórica, em 1982.
Os criptoativos, liderados pelo Bitcoin, movimentaram cifras expressivas no país. Enquanto as importações totalizaram US$ 15 bilhões, um crescimento de 57,9% em relação ao mesmo período de 2023, as exportações somaram apenas US$ 949 milhões.
A balança financeira reflete um cenário desafiador, em que o aumento no investimento em criptomoedas intensifica o fluxo de saída de capitais do Brasil.
Importação de Bitcoin pelo Brasil
A alteração na metodologia de contabilização dos criptoativos pelo Banco Central também impactou os números. Em julho, o Brasil adotou normas do Fundo Monetário Internacional (FMI), reclassificando os criptoativos como “ativos não financeiros não produzidos”. Dessa forma, as importações desses ativos deixaram de integrar a balança comercial, indo para a conta de capital.
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Essa mudança exclui os criptoativos das transações correntes, que registraram um déficit de US$ 37,7 bilhões no mesmo período. Apesar disso, os criptoativos continuam pressionando a balança financeira do país, segundo Fernando Rocha, chefe do departamento de estatísticas do BC.
Ele destacou a redução do ingresso de capital estrangeiro, que caiu de R$ 54,8 bilhões em 2023 para R$ 31 bilhões neste ano.
Andrea Damico, economista-chefe da Armor Capital, apontou a aceleração da remessa de lucros e dividendos, além do aumento no volume de investimentos em criptomoedas, como fatores estruturais para o saldo negativo da conta financeira.
“A dinâmica de investimentos está favorecendo a saída de recursos do país neste ano. No momento, não vejo perspectiva de reversão desse comportamento”, afirmou.
Apesar do saldo negativo recorde na conta financeira, o superávit comercial segue positivo, com destaque para os US$ 3,4 bilhões registrados em outubro.
No entanto, o aumento expressivo na importação de criptoativos, como o Bitcoin, coloca o Brasil diante de novos desafios para equilibrar as contas externas em um cenário de crescente volatilidade financeira.