Minerar Ethereum e outras criptomoedas é uma das atividades mais instigantes deste mercado. No tópico sobre o Bitcoin, já conhecemos um pouco sobre como a mineração funciona. Criada por Satoshi Nakamoto junto com o Bitcoin, a mineração é o nome pelo qual é chamado o processo de emissão de novas moedas digitais.
Porém, existem milhares de criptomoedas hoje, e cada uma delas possui o seu tipo de mineração. O Ethereum, por exemplo, possui um sistema completamente diferente. Além das diferenças, podem existir mudanças nas formas de mineração. O próprio Ethereum passou por um processo semelhante em dezembro de 2020.
Dessa forma, a mineração da segunda maior criptomoeda em valor de mercado está tendo mudanças significativas nos últimos anos. Para entender essas mudanças, é preciso saber como a mineração funciona. Este texto irá trazer um passo a passo sobre como minerar ETH e quais os passos necessários para isso.
O que é mineração?
Antes, vamos entender como funciona o processo de mineração. De maneira simplificada, ele envolve a resolução de códigos complexos produzidos pela rede de uma criptomoeda. O objetivo de todas as máquinas presentes na rede é competirem entre si, buscando encontrar a solução do código o mais rápido possível.
Estes códigos são propostos de forma aleatória e os seus resultados são obtidos em forma de hashes. Hash é uma combinação aleatória de letras e números que serve de prova que a máquina em questão encontrou o código. Como esse processo demanda uma grande quantidade de energia, diz-se que a máquina “empregou trabalho” para resolver o problema.
Após isso, a máquina divulga para a rede o código hash que prova a resolução. Esse código é a prova de trabalho realizada por aquele computador. Esse processo gera novas criptomoedas na rede e quem resolveu o código recebe parte dessas moedas como recompensa.
Mineração de Ethereum
A mineração de Ethereum, no seu início, utilizava o mecanismo de consenso conhecido como Proof of Work (PoW). Nesse modelo, os mineradores competiam para resolver complexos problemas matemáticos, que, quando resolvidos, validavam novas transações e adicionavam blocos à blockchain.
Este processo, altamente intensivo consumo de energia, requer hardware especializado, como GPUs (Unidades de Processamento Gráfico), por exemplo. Mas esse equipamento consume grandes quantidades de eletricidade. A recompensa para os mineradores vêm na forma de novos ETH gerados a cada bloco minerado, além das taxas de transação incluídas no bloco.
Esse modelo, embora eficaz para garantir a segurança e descentralização da rede, levanta preocupações ambientais devido ao seu alto consumo de energia e impacto ecológico.
A transição do Ethereum para um novo modelo de mineração marcou uma mudança significativa na abordagem da rede. Com a atualização para Ethereum 2.0, a rede começou a migrar do Proof of Work para o Proof of Stake (PoS).
Como minerar Ethereum
Nesse novo modelo, o processo para minerar Ethereum de forma tradicional não existe mais. Agora, passa a valer o processo de staking. Em vez de mineradores competirem para resolver problemas matemáticos, validadores são escolhidos para propor e validar novos blocos com base na quantidade de ETH que possuem e estão dispostos a “trancar” como garantia.
Esse sistema reduz drasticamente o consumo de energia. Afinal, não exige o uso de hardware intensivo para resolver cálculos complexos. Além disso, o Proof of Stake é mais seguro e escalável, permitindo que a rede processe mais transações por segundo e reduza a latência.
A transição para o Proof of Stake não apenas aborda as questões de sustentabilidade ambiental, mas também democratiza o processo de validação de transações. Isso porque qualquer pessoa com uma quantidade mínima de Ether pode se tornar um validador, tornando o sistema mais acessível e incentivando uma maior participação na rede.
Essa mudança também visa reduzir a centralização observada na mineração de Proof of Work, em que grandes pools de mineração dominam a validação de blocos. No entanto, a transição completa para Ethereum 2.0 e Proof of Stake ainda está em andamento. Várias fases planejadas buscarão garantir uma migração suave e segura.
Proof of Work (PoW):
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- Mineradores competem para resolver problemas matemáticos;
- Requer hardware especializado (GPUs) e consome muita energia;
- Alta recompensa para os mineradores por novos blocos e taxas de transação;
- Problemas ambientais devido ao alto consumo de energia.
Proof of Stake (PoS):
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- Validadores são escolhidos com base na quantidade de Ether que possuem;
- Reduz drasticamente o consumo de energia;
- Qualquer pessoa com a quantidade mínima de Ether pode participar;
- Reduz a centralização e melhora a segurança e escalabilidade.
Protocolo Casper e Ethereum 2.0
O Protocolo Casper migrou a rede do Ethereum de Proof of Work (PoW, na sigla em inglês) para Proof of Stake (PoS, na sigla em inglês). Com isso, qualquer pessoa poderá guardar suas ETH na rede e se tornar um validador recebendo dividendos por isso. Isso já foi parcialmente implementado na rede em dezembro de 2020, com a ativação do Ethereum 2.0 (ETH 2.0).
Prometida há anos, o Ethereum 2.0 é uma das mais promissoras atualizações no segundo maior blockchain em valor de mercado. Com o seu surgimento, a mineração de ETH aos poucos começa a migrar de formato. O PoS vem para substituir, de forma gradativa, a mineração via Prova de Trabalho. Eis algumas diferenças que o ETH 2.0 trouxe:
- Maior quantidade de transações por segundo;
- Segurança adicional para a blockchain e suas transações;
- Substituição do modelo de mineração;
- Mais descentralização no processo de mineração e abertura para mais participantes.
Com a nova atualização, os mineradores serão substituídos pelos validadores. Estes membros realizarão uma “poupança” de ETH em suas contas. Por sua vez, o valor será utilizado para fazer a validação dos blocos na rede. Para se tornar um validador da Ethereum 2.0, o usuário deve bloquear em staking um mínimo de 32 ETH.
Validação dos blocos
A cada vez que um bloco for encontrado pela rede, o validador que o encontrou receberá uma quantidade de ETH. A recompensa de staking está girando entre 3 e 4 ETH até a publicação deste texto. Em reais, o valor equivale a cerca de R$ 11,6 mil a R$ 15,6 mil, na cotação atual.
No entanto, não é preciso dispor de todo esse capital para começar a fazer PoS. Afinal, existem alguns pools de mineração que possibilitam a entrada com valores menores. Elas juntam pequenas frações de várias pessoas até chegar ao limite mínimo exigido para validar os blocos. O pool divide os ganhos dos blocos validados entre os participantes, de acordo com o valor depositado por cada um.
Com a mineração via PoS, a ideia é descentralizar ainda mais o processo para minerar Ethereum. A PoS dispensa o uso de equipamentos caros e que consomem eletricidade em excesso, por exemplo. Dessa forma, ela torna a mineração mais limpa. Isso porque não libera tantos poluentes na atmosfera.
Em resumo, o processo para minerar Ethereum passou por diversas mudanças nos últimos anos. Hoje ela caminha para tornar-se totalmente PoS. Se você não possui dinheiro para adquirir um equipamento de mineração, a alternativa de validar os blocos pode ajudá-lo a participar da rede.