A Polícia Federal (PF) deflagrou na manhã desta quinta-feira (06) uma ação cujo alvo foi um grupo que praticava diversos crimes com criptomoedas no Brasil e no exterior desde 2016. Entre outras práticas, os suspeitos aplicavam golpes de pirâmide financeira por meio do “empréstimo” de ativos digitais.
Para atrair as vítimas, o grupo prometia rendimentos mensais que poderiam chegar a até 20% sobre o valor aplicado. De acordo com a PF, com este golpe, os suspeitos enganaram milhares de vítimas em vários países.
Além disso, os alvos também criavam e vendiam supostas moedas digitais próprias sob a promessa de “retornos mensais extravagantes”. A venda ocorria por meio de empresas em nome do suspeito principal, que não teve o seu nome divulgado.
Segundo a PF, as investigações constataram que esses criptoativos “criados” não possuíam lastro e não tinham liquidez no mercado. Ou seja, eram usados apenas para aplicar outros golpes. A PF informou também que o grupo girou R$ 4 bilhões só no Brasil.
Ação da PF mira grupo que aplicava golpe com cripto
A “Operação Poyais” da PF teve o objetivo de aprofundar a apuração da prática de crimes contra a economia popular e o sistema financeiro, crime de estelionato, de lavagem de dinheiro ao nível global e de organização criminosa.
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Cerca de 100 agentes da PF, bem como servidores da Receita Federal, cumpriram 20 mandados de busca e apreensão. Todos os mandados foram expedidos pela 23ª Vara Federal de Curitiba/PR.
Além disso, houve a decretação judicial de sequestro de imóveis e bloqueio de valores. Os agentes cumpriram as ordens em Curitiba (PR), São José dos Pinhais (PR), Governador Celso Ramos (SC), Barueri (SP), São José do Rio Preto (SP) e Angra dos Reis (RJ).
Pelas imagens que a PF divulgou, pode-se notar que os agentes apreenderam uma grande quantidade de dinheiro em espécie, barras de ouro, relógios de luxo, entre outros itens. O CriptoFácil solicitou à PF mais informações sobre as apreensões e vai atualizar a notícia quando obtiver retorno.
- Fonte: PF
- Fonte: PF
Crimes e fraudes com ativos digitais
De acordo com uma nota da PF, as investigações contra o grupo tiveram início em março de 2022. Tudo começou após a PF receber da INTERPOL informações e solicitação passiva de cooperação internacional da Homeland Security Investigations (HSI), do Department of Homeland Security da Embaixada dos EUA em Brasília, no DF.
Em janeiro deste ano, a PF soube que uma empresa internacional com atuação nos EUA bem como seu principal gestor, um brasileiro que vive em Curitiba, estavam sendo investigados pela Força Tarefa de El Dorado (El Dorado Task Force), da HSI de Nova Iorque.
A suspeita era de envolvimento em uma conspiração multimilionária de lavagem de capitais a partir de um esquema de pirâmide de criptoativos.
Diante disso, a PF iniciou a investigação em Curitiba por conta das suspeitas da ocorrência de crimes conexos às fraudes praticadas nos EUA pelo brasileiro, quanto à lavagem dos recursos ilícitos recebidos no exterior.
As apurações iniciais revelaram que o brasileiro possuía mais de 100 empresas abertas no Brasil. Além disso, por meio do grupo de empresas, ele estaria lesando investidores tanto no Brasil e quanto no exterior.
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Empréstimo de criptomoedas
As práticas de “empréstimo” de criptomoedas com a promessa de lucros de até 20% eram realizadas no Brasil. Segundo a PF, o suspeito alegava “vasta experiência no mercado de tecnologia e criptoativos”. Além disso, enganavam os clientes dizendo ter uma grande equipe de traders. Essa equipe realizaria, então, os investimentos com os ativos digitais alugados. Assim, eles gerariam os lucros para pagar os rendimentos.
Ao longo da investigação, a PF descobriu que o suspeito também empregava muitos membros de sua família em suas empresas. Com isso, eles se apropriavam dos valores investidos, tanto em reais como em criptomoedas, das vítimas.
Enquanto isso, o grupo criminoso aplicava uma fraude semelhante, porém com foco em marketing multinível, nos EUA e em outros 10 países.
“Enquanto parte dos recursos dos clientes era usada para pagamentos das remunerações mensais, o restante era usado pelo investigado e pela organização criminosa para aquisição de imóveis de alto valor, carros de luxo, embarcações, reformas, roupas de grife, joias, viagens e diversos outros gastos”, disse a PF.
Como é típico em esquemas de pirâmide, em pouco tempo, o grupo passou a atrasar os pagamentos. E logo deixou de pagar os valores devidos.
Da mesma forma, o grupo bloqueou os pedidos de saques, alegando problemas de ordem administrativa, financeira e técnica. Enquanto isso, o grupo seguiu desfrutando do patrimônio comprado com os recursos das vítimas.
Conforme informou a PF, os mandados cumpridos hoje visam cessar as atividades criminosas. Ao mesmo tempo, têm o objetivo de elucidar a participação de todos os investigados nos crimes sob apuração. Por fim, as ordens visam rastrear o patrimônio deles para viabilizar, ainda que de forma parcial, o reparo dos danos às vítimas dos golpes.
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