Conforme informado em um comunicado recente feito pelo Grupo Bitcoin Banco (GBB) sobre o lançamento de uma nova plataforma, foi lançada nesta terça-feira, 21 de janeiro, a Zater Capital. A nova plataforma é “inspirada na filosofia Bitcoin”, com foco em “agilidade e flexibilidade nas transações”. Dentre os produtos exibidos na página inicial do site da Zater, estão “consultoria, assessoria e muito mais”.
A nova Zater
A Zater Capital está com um novo site, agora com um “.br” em seu domínio, uma vez que o antigo domínio não foi renovado. Em uma primeira vista na página inicial, a plataforma não faz qualquer menção ao Grupo Bitcoin Banco.
De acordo com a descrição da empresa, presente logo na home:
“Oferecemos uma ampla gama de serviços, desde a troca da moeda até a criação de carteira eletrônica Bitcoin, mais conhecida como ‘wallet’. Nós, da ZATER CAPITAL, temos uma política de negócios inspirada na filosofia Bitcoin, que oferece agilidade e flexibilidade nas transações financeiras. Por isso, nossos serviços se adaptam às necessidades de nossos clientes, ao contrário do que acontece no mercado financeiro tradicional. Equilibramos com sucesso confiabilidade tecnológica, abrangência de infraestrutura, experiência e conhecimento financeiro, assegurando os mais elevados padrões de finanças. Utilizando comunicação simples e acessível, você não precisa ser um expert no mercado financeiro ou de Bitcoins. Contate-nos e garanta seu ingresso nesse promissor mercado.”
O cadastro na plataforma é bem simples. É pedido nome completo, telefone, email, senha e CPF. O KYC aparentemente é obrigatório para saques e depósitos, contudo, a plataforma aparentemente apresenta um bug: ao clicar em uma das opções de depósito ou saque, aparece a mensagem “antes de continuar, precisamos verificar sua conta”, solicitando a confirmação do email de cadastro e procedimentos KYC de praxe.
Porém, basta clicar novamente em alguma opção de saque ou depósito para que a tela apareça e o procedimento possa ser executado normalmente. Os documentos solicitados por meio de KYC são: uma selfie do usuário segurando um documento de identificação com foto e outra foto apenas do documento de identificação, frente e verso.
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Os criptoativos para os quais a plataforma tem suporte de envio são Bitcoin, Bitcoin Cash e Ethereum – para depósito, somente Bitcoin. As taxas de saque para Ethereum e Bitcoin Cash são respectivamente 0,0007 ETH e 0,0007 BCH, enquanto a taxa de saque do Bitcoin é 0,0009 BTC.
Blockchain em horário comercial
Algo que chama atenção é que, aparentemente, os envios de criptomoedas são feitos apenas em horário comercial – apenas para saques. De acordo com um aviso no topo da tela ao tentar efetuar saques:
“As ordens serão executadas em até 2 horas úteis.
De segunda a sexta-feira, das 09:00h às 18:00h, o tempo de envio pode ser entre 10 minutos a 2 horas conforme fluxo da rede.”
É igualmente curioso o fato do usuário ser obrigado a informar o quanto ele receberá na carteira de criptoativo. Somente após informar o valor a ser recebido, é liberado o endereço para a carteira do mesmo. Porém, é necessário realizar informar o montante previsto para recebimento em todo depósito, apesar do endereço de carteira não mudar.
Ademais, não há um livro de ordens. O usuário afirma se deseja vender ou comprar um dos três criptoativos para os quais a plataforma tem suporte, e a ordem segue o comunicado acima sobre demorar até duas horas úteis para ser executada. A cotação utilizada é aquela exibida no site da Zater, entretanto, o os valores de compra e venda são diferentes. Abaixo, é possível verificar na imagem as cotações de compra e venda exibidas no mesmo momento:
Importante ressaltar ainda que, no momento da escrita desta matéria, a cotação do Bitcoin segundo o Coinmarketcap é de US$8.643,55. Considerando a cotação do dólar estadunidense também no momento da escrita desta matéria, qual seja R$4,19, o valor do Bitcoin é de R$36.216,47 – demonstrando assim um ágio considerável de mais de R$1.000 para obter o criptoativo por meio da Zater. É possível argumentar, porém, que a variação é comum de plataformas que operam sem livro de ordem.
Em relação ao saque em Reais, a Zater aparenta suporte para contas bancárias em diversas instituições, cabendo suporte até mesmo a bancos digitais como Nubank e Inter. Já em termos de depósito, o mesmo deve ser feito para uma conta corrente no Bradesco em nome de VIVIPAY Serviços e Intermediações Ltda. Após o depósito, o comprovante deve ser anexado.
Tendo em vista as peculiaridades aparentes da plataforma já no seu primeiro dia após o lançamento, bem como o pano de fundo por trás da Zater Capital, é possível que a empresa tenha um difícil trajeto adiante.
A história até aqui
A Zater Capital é a mais recente iniciativa do GBB durante seu processo de recuperação judicial, a fim de provar uma possível viabilidade da empresa em retornar aos negócios.
Tudo começou em maio de 2019, quando plataformas do GBB passaram a apresentar problemas nos saques de seus clientes, supostamente ocasionados pelo fechamento das contas do grupo pelo Banco Plural e um suposto esquema de fraude cometido contra a empresa, que consistia na duplicidade de saldos.
Desde então, usuários ficaram impossibilitados de sacar seus valores, retidos nas exchanges NegocieCoins e TemBTC – ambas pertencentes ao GBB. Em novembro, a empresa protocolou seu pedido de recuperação judicial, que foi aceito ao fim do mesmo mês. O efeito da recuperação judicial impediu que credores requeressem livremente em sede judicial o pagamento dos valores que lhes são devidos, devendo realizar os pedidos apenas no procedimento da recuperação judicial.
Foi revelado no relatório inicial da recuperação judicial, publicado pela empresa responsável por administrar o procedimento, que mais de R$500 milhões em créditos foram habilitados. Além disso, a empresa deve mais de R$1 milhão em créditos trabalhistas aos seus funcionários.
De acordo com especialistas, a recuperação judicial dificultará que credores exerçam seus direitos. No dia 04 de fevereiro de 2020, terá fim o prazo para que credores verifiquem se seus saldos estão corretamente informados no procedimento de recuperação judicial.
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