O crime organizado esta diversificando suas operações e seu modo de lavar e transacionar dinheiro globalmente aponta a Agência Antidrogas dos EUA (DEA). Segundo uma reportagem do Asia Times o tema chamou inclusive a atenção em uma audiência realizada recentemente no Congresso americano em que vários funcionários do governo destacaram a crescente ameaça representada pelos sindicatos do crime e as dificuldades relacionadas ao rastreamento de dinheiro ilícito que tem circulado usando criptomoedas.
Os investigadores aponta que, nos últimos anos, houve um aumento no tamanho das exportações chinesas, em especial, nos produtos químicos e outros ingredientes usados na fabricação de drogas pesadas que são, posteriormente, comercializadas nos EUA, desta forma, o uso de criptomoedas passou a ser ‘natural’ para este tipo de comercio, como aponta um alto funcionário da DEA, Paul Knieri.
Por outro lado o dinheiro apreendido pela DEA vem diminuindo constantemente nos últimos oito anos, indicando que outras técnicas de movimentação deste dinheiro estão sendo empregadas, tais como os Sistemas Bancários Subterrâneos Chineses (CUBS na sigla em inglês) – que funcionam tal qual o sistema hawala – e operam a margem do sistema bancário tradicional. De acordo com Knieri, os agentes destes sistema estariam usando Bitcoin como forma de transacionar os valores.
Basicamente o sistema funcionaria com os traficantes trocando o dinheiro proveniente da venda de drogas por Bitcoin que são então vendidos para os chineses que utilizam do criptoativo para transacionar valores para outras partes do globo. A DEA aponta que estas negociações seriam realizadas em mercados OTC, o famoso mercado balcão, em mesas de negociação com poucas (ou nada) políticas de Know Your Customer (KYC) e Anti-Money Laundering (AML).
“O crescente uso de bolsas de negociação de Bitcoin via OTC, que são capazes de transferir milhões de dólares através das fronteiras, deve continuar a interligar redes criminosas”, aponta Knieri.
No entanto, Yaya Fanusie, diretora de análise do Centro de Sanções e Finança Ilícita da Fundação para a Defesa das Democracias, sediada em Washington, disse que as alegações da DEA não são preocupantes pois o uso de criptomoedas para lavagem de dinheiro do crime organizado é muito pequeno perto dos canais tradicionais, “A evidência de crime organizado usando Bitcoin tem sido escassa. As criptomoedas não estão substituindo os antigos métodos de lavagem de dinheiro. E os cartéis não confiam mais neles do que em dinheiro. Criptomoedas oferecem apenas um novo elemento na mistura de técnicas usadas pelos criminosos para ofuscarem seus movimentos monetários”, destacou Fanusie.
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Segundo ela o Bitcoin é um método vulnerável para lavagem de dinheiro por conta da rastreabilidade da blockchain, “Assim, as pessoas que tentam lavar dinheiro usando o criptoativo, muitas vezes, executam passos complicados para tentar afastar os investigadores, como usar pessoas reais, aparentemente sem relação com atividades criminosas, como uma espécie de ‘laranja virtual’. As criptomoedas provavelmente se tornarão uma parte no reino do crime cibernético, então qualquer departamento de polícia e inteligência que lide com questões cibernéticas precisa aprofundar sua expertise em criptomoedas e tecnologia blockchain”, finalizou Fanusie.
No início deste ano, por exemplo, o jornal japonês Mainichi Shimbun publicou um relato revelando como mais de US$ 280 milhões foram lavados utilizando criptomoedas por meio de um esquema em que Bitcoin e Ethereum eram trocados por ZDM (que significa “Zcash”, “DASH” e “Monero”) e então estas criptomoedas eram movimentadas em diversas contas em exchanges que não exigiam documentos de identificação para então serem convertidas em moeda fiat local.