A Enel, uma das maiores empresas do setor de energia renovável da Europa, afirmou nesta semana que não tem interesse em vender energia elétrica diretamente para empresas que trabalham com mineração de criptomoedas.
O anúncio oficial da companhia veio em resposta à uma matéria veiculada pela Bloomberg, agência de notícias norte-americana, nesta última quarta-feira, 31 de janeiro, a qual afirmava que a empresa estava negociando com a companhia de mineração de criptomoedas Envion AG, sediada na Suíça. A negociação envolveria a venda de energia solar, éolica e de outras fontes renováveis, as quais são o foco da produção da Enel.
“Prática insustentável”
A Bloomberg afirmou que “de acordo com pessoas que possuem conhecimento direto do assunto“, a Enel estava avaliando o mercado e a possibilidade de venda de energia para mineradores de Bitcoin e de outras criptomoedas. Além disso, um executivo da empresa também comentou sobre o histórico de avaliação das atividades de mineração.
“A Enel está particularmente interessada em entender como o setor de energia elétrica pode se beneficiar da tecnologia blockchain“, disse o chefe do escritório comercial da empresa, Leonardo Zannella. “Os mineradores que puderem mover suas instalações para locais onde a energia é mais barata podem ter maiores vantagens“.
No entanto, após discussões sobre os planos de venda, a empresa de energia mudou seu tom. A Enel alegou que tem orgulho em fornecer “energia verde” derivada de práticas de biomassa e incineração, recursos geotérmicos, hidroeletricidade, energia eólica e solar. Além disso, a empresa acredita que a mineração de criptomoedas não pode ser mantida de forma ambientalmente sustentável. “A Enel empreendeu um caminho claro para a descarbonização e o desenvolvimento sustentável e vemos o uso intensivo de energia dedicada à mineração de criptomoedas como uma prática insustentável que não se encaixa no modelo de negócios que estamos buscando“, afirmou a empresa.
Preocupação com o consumo de energia
O alto consumo gerado pela mineração de criptomoedas tornou-se uma preocupação para várias instituições. Em um relatório recente, o banco norte-americano Morgan Stanley disse que a demanda de energia global das atividades de mineração de criptomoedas era de cerca de 22 TWh (terawatt/hora), mas a demanda crescente significava que o consumo poderia aumentar em 2018 para 125-140 TWh, ou cerca de 0,6% do consumo mundial de energia.
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O relatório do banco também afirma que, caso este ritmo de crescimento continue, a demanda por energia elétrica para a mineração de criptomoedas irá superar a demanda para uso dos carros elétricos em 2025.
Relutante, mas atenta
Contudo, o fato da Enel se recusar a vender eletricidade para mineradores parece não significar que a empresa está se recusando a estudar e colaborar com o mercado de criptomoedas e blockchain. A empresa anunciou em seu site que participou de um encontro sobre blockchain, inovação e energia, realizado em Santiago, capital do Chile na última sexta-feira, 02 de fevereiro.
O evento, anunciado pela empresa como #EnelFocusOn, contou com a presença do diretor de comunicação da companhia Ryan O’Keefe e teve uma palestra intitulada “Blockchain Technology in Enel” (A Tecnologia Blockchain na Enel) proferida por Marco Gazzina, líder de parcerias e inovação em inteligência da empresa.