No final de semana, começaram a circular rumores de que Gary Gensler, presidente da Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC), renunciaria ao seu cargo. De acordo com o Wall Street Journal, um dos motivos seria justamente a maneira com a qual a SEC tratou as empresas de criptomoedas em 2023, aumentando a repressão no mercado.
A possibilidade da renúncia de Gensler tomou a Internet de assalto e deixou muitos investidores animados. Mas nesta segunda-feira (3), a SEC negou os boatos e confirmou que Gensler permanece no cargo.
A notícia acabou sendo uma grande decepção da comunidade, que esperava uma mudança de postura da SEC com a saída de Gensler.
Fake news de IA
Gary Gensler é uma das poucas figuras odiadas pelos investidores criptomoedas. Os rumores de saída trouxeram uma trégua muito necessária à comunidade, já que ele lançou uma ofensiva total contra a indústria. As notícias sobre a renúncia de Gensler até fizeram o preço das criptomoedas subir no fim de semana.
Além do Wall Street Journal, uma conta no Twitter chamada “whalechart” divulgou a suposta saída e obteve mais de 1,6 milhão de visualizações. Mas a equipe de relações públicas da SEC refutou as alegações e disse que Gensler permanece no cargo.
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Só que o mais impressionante foi a suposta fonte da notícia falsa. Investigações posteriores sugeriram que notícia da renúncia de Gensler saiu de uma inteligência artificial (IA). Alguém utilizou o programa de IA para criar a notícia e espalhá-la pela Internet, causando uma enorme repercussão.
Saída de Gensler?
No entanto, isso não impediu a comunidade de refletir sobre o assunto e esperar pela eventual saída de Gensler em um futuro próximo. De fato, muitos ainda acreditam que o presidente da SEC pode sucumbir a pressão e deixar o cargo.
O fundador e CEO da Messari, Ryan Selkis, disse que não ficaria surpreso se Gensler renunciasse em breve e acrescentou que o futuro político dele depende de “curvar-se graciosamente para fazer deste governo um sólido em um ano eleitoral”. Ele argumentou ainda que, ao expulsar Gensler, o governo Biden pode potencialmente virar quase 50 mil eleitores a seu favor.
Gensler é presidente da SEC desde 2021 e tem mandato até junho de 2026. No entanto, a aposentadoria do senador Ben Cardin de Maryland em 2024 gerou especulações sobre Gensler pode sair do cargo. Afinal, a vaga ficará em aberto e o presidente da SEC tentaria concorrer ao cargo no Senado – alegação que nem Gensler nem a SEC comentaram.
Pressão acabou?
O advogado John Deaton, um amicus, ou “amigo do tribunal”, no processo SEC vs. Ripple, disse que a próxima campanha política pode levar à renúncia de Gensler. Isso porque o presidente da SEC enfrenta duas acusações e suspeitas a respeito de sua conduta.
Em primeiro lugar, estão suas ações de execução contra exchanges de criptomoedas e projetos no ecossistema. O mercado especula as razões que levaram a SEC a assumir uma postura tão truculenta sob a direção de Gensler.
Por outro lado, Gensler em pessoa sofre acusações de conflito de interesse, já que o presidente da SEC supostamente conversou com o CEO da Binance, Changpeng Zhao (CZ). A conversa ocorreu em 2019, ano em que Gensler teria se oferecido para trabalhar na exchange.
A SEC já está envolvida em uma batalha legal com a Ripple há mais de dois anos. Além da XRP, a agência considerou mais de 60 criptomoedas como valores mobiliários e entrou com ações legais contra gigantes como Coinbase e a Binance, que precisaram suspender as negociações das criptomoedas.
De ser um aliado durante os dias do MIT a adotar uma abordagem tirânica após a nomeação da SEC, as opiniões de Gensler sobre criptomoedas têm sido controversas, para dizer o mínimo. E o movimento pela sua demissão começou a ganhar adeptos em Washington.
Lei de estabilização pede demissão de Gensler da SEC
O deputado pró-criptomoedas Warren Davidson protocolou a Lei de Estabilização da SEC em meados de junho. Conforme noticiou o CriptoFácil, a legislação abre margem para a demissão do presidente da SEC. De fato, a legislação basicamente acaba o cargo de presidente e, em vez disso, cria uma nova função chamada de diretor executivo da SEC.
Tal movimento visa proteger a agência de valores mobiliários de ter uma agenda política. O novo diretor político estaria sujeito a demissão em caso de má conduta ou de obstruir o mercado.
A falta de clareza regulatória, a recusa em dar luz verde a um ETF de Bitcoin (BTC), regras opressivas sobre stablecoins e regulamentos sobre custódia e arrecadação de fundos promovem um ambiente regulatório que sufoca a inovação e a inclusão financeira.
Portanto, espera-se que uma eventual remoção de Gensler seja uma boa notícia para toda a indústria. Mesmo que os processos continuem a correr no tribunal, tal movimento pode fazer pender a balança a favor de todas as empresas e entidades visadas pela Gensler.
Mas é importante observar que a regulamentação em si é um assunto complexo. Especialistas argumentam que a SEC passando por tal mudança, embora improvável, poderia abrir caminho para ainda mais fraudes, manipulação de mercado e outros riscos.
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