A Venezuela vive uma das maiores crises econômicas de sua história, levando milhares de pessoas a abandonar o país em busca de oportunidades, principalmente no Brasil e na Colômbia. Segundo a Assembleia Nacional venezuelana, a hiperinflação de 6.000% faz com que falte tudo, desde comida até remédios, no país que possui algumas das maiores reservas de petróleo do mundo e a segunda maior reserva de ouro de todo o globo.
A escassez é tanta, que em 2016, como revelou a Bloomberg, chegou até mesmo a faltar dinheiro para imprimir o próprio dinheiro.
No entanto, este ano, ocorrerão eleições no país e os candidatos possuem propostas para mudar esta realidade. Enquanto o opositor Henri Falcón, que lidera as pesquisas, propõe “dolarizar” a economia da Venezuela, o atual presidente Nicolás Maduro, candidato a reeleição, quer eliminar o dólar da economia venezuelana e popularizar o uso nacional e internacional de sua criptomoeda, o “El Petro“.
O projeto de Maduro porém contem inúmeras perguntas ainda não respondidas, como a participação Russa no projeto, a transparência dos tokens, o suprimento real do projeto (embora em seu whitepaper tenha um suprimento limitado, está sendo construído dentro de uma aplicação da blockchain NEM que permite a liberação de novos tokens além do limite estabelecido), entre outras.
No entanto, o que preocupa o FMI (Fundo Monetário Internacional) não são os aspectos técnicos pouco esclarecidos sobre o principal projeto de Maduro, mas o ativo de liquidez do projeto, que pode impactar a economia global de uma forma muito mais intensa do que sua real capacidade para mudar o situação na nação sul-americana, o petróleo.
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Em uma recente reunião a Diretoria Executiva do FMI mostrou muita preocupação com a situação do país, que não tem fornecido dados isentos as organizações multilaterais e também não tem implementado as medidas acordadas com as instituições.
Em um questionamento feito pelo Criptomoedas Fácil, o Diretor do FMI na América Latina Alejandro Werner argumentou que a queda na produção do petróleo venezuelano é um grande fator de risco. No entanto, sobre o Petro, Werner diz que o FMI ainda não estudou em detalhes o projeto, mas está acompanhando seus desdobramentos.
“Quanto ao Petro, ainda não o estudamos em detalhes, não estudamos a lógica por trás da introdução dessa moeda porque não temos contato com as autoridades venezuelanas. O principal problema com a Venezuela é a queda na produção de petróleo bruto. Assim, independentemente de como você cobra por essas exportações, o fato é que vimos uma queda na produção de petróleo nos últimos 18 meses, que tem sido espetacular. A produção diminuiu em 50% em um período muito curto de tempo, apesar do aumento nos preços do petróleo, temos visto a queda na produção na Venezuela, que está gerando uma perda de receita. Isso está adicionando e agravando os problemas econômicos na Venezuela. Isso está levando a essa crise, que é uma das maiores crises que temos visto na história da economia moderna. Se você olhar para todos os colapsos econômicos que ocorreram nos últimos 50 anos, o colapso da Venezuela deve ser um dos 15 principais.”
O alerta do FMI sobre a liquidez do principal produto da Venezuela, e o ativo principal a sustentar o Petro, soma-se a outros inúmeros alertas emitidos contra o projeto da criptomoeda de Maduro, entre outros, a eleição deste ano pode ser o principal deles, afinal, a criptomoeda foi condenada pela Assembleia Nacional do país e considerada inconstitucional, portanto, em caso de vitória da oposição no pleito eleitoral deste ano, é muito provável que o projeto do El Petro seja cancelado ou congelado.