Obs: Agradecimento especial à Eva Netto, assessora de imprensa da Casa da Moeda.
A Casa da Moeda do Brasil, instituição responsável pela impressão de todo o dinheiro que circula na nação, revelou com exclusividade ao Criptomoedas Fácil que vem estudando aplicações em blockchain dentro da autarquia, visando melhorar seus produtos e processos. No entanto, a blockchain não deve ser incorporada à impressão do dinheiro no Brasil.
“A Casa da Moeda tem estudado aplicações potenciais da tecnologia blockchain para aprimorar seus produtos e processos. Especificamente em relação à segurança da impressão do dinheiro físico, não há, no momento, a previsão de incorporação da tecnologia”, revelou ao Criptomoedas Fácil.
A instituição acredita que a tecnologia nascida com o Bitcoin tem muito potencial e pode ajudar a reduzir a burocracia dos processos estatais e até mesmo acelerar sua tramitação.
“A tecnologia blockchain apresenta um grande potencial para a redução da burocracia, o aumento da transparência e a aceleração de processos. O potencial da blockchain tem sido estudado pelos setores público e privado, e certamente inúmeras inovações surgirão nos próximos anos em benefício dos cidadãos”, destacou.
No entanto, apesar do interesse pela blockchain, a Casa da Moeda não acredita que o fim do dinheiro físico esta próximo e, citando dados do Relatório Anual 2017 De La Rue, afirmou que o volume de dinheiro físico em circulação crescerá entre 3 e 4% por ano, ao longo da próxima década.
“O dinheiro físico, tal como o conhecemos, talvez deixe de existir um dia. Entretanto, não há qualquer sinalização de que o fim do dinheiro ocorrerá no futuro previsível. Pelo contrário. Informações do Banco Central do Brasil, do Federal Reserve (EUA), do Banco Central Europeu e do FMI indicam que estamos em uma fase de crescimento da demanda por dinheiro físico no mundo. Mesmo em países em que se observa uma redução percentual dos pagamentos em dinheiro em relação a outros meios, a demanda absoluta de dinheiro segue aumentando em função do aumento populacional, da inflação e do maior número de transações. Além disso, países como o Brasil ainda possuem um elevado número de pessoas sem acesso a serviços bancários, o que dificulta a migração para outros meios de pagamento”, disse.
Sobre a possível emisão de CBDCs (criptomoedas emitidas por bancos centrais), a Casa da Moeda disse que os projetos são embrionários e mesmo entre aquelas nações que já possuem um projeto mais estruturado, como é o caso da Suécia, ainda assim, a instituição brasileira não crê que haverá, no curto prazo, substituição do dinheiro físico.
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“Quanto às moedas digitais emitidas por bancos centrais (CDBCs), os projetos em andamento no mundo ainda são embrionários e precisam superar diversos obstáculos técnicos e regulatórios. Mesmo em países em que os estudos de CDBCs estão mais avançados, como o projeto e-krona, na Suécia, ainda não há qualquer perspectiva de substituição do dinheiro físico por CDBC no futuro próximo”, afirmou.
A instituição destacou também que o processo de bancarização no Brasil ainda tem diversos gargalos, com 38% da população sem conta em banco, o que representa cerca de 60 milhões de desbancarizados, ou seja, quase metade da população economicamente ativa no país, estimada em 110 milhões de pessoas. No entanto, esses 60 milhões de desbancarizados movimentam R$665 milhões por ano.
Já no caso da infraestrutura bancaria das 5.570 cidades nacionais, existem 1.989 municípios sem agência bancária, sendo que destes, cerca de 310 municípios que não tem sequer caixa eletrônico ou posto de atendimento.
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