Ao passo que os ETFs de Bitcoin (BTC) quebram recordes de captação, os ETFs de ouro testemunharam saídas significativas este ano. De acordo com Eric Balchunas, analista da Bloomberg Intelligence, os 14 maiores ETFs de ouro dos Estados Unidos registraram uma saída de US$ 2,4 bilhões em janeiro. Ou seja, mais de R$ 12 bilhões com base na cotação atual.
“Enquanto isso, o cenário é muito ruim agora na categoria de ETFs de ouro… via nossa nota de fluxo semanal recém-publicada”, explicou Balchunas em sua publicação no X.
Conforme apontam os dados, a maior saída individual foi do ETF de ouro da BlackRock (IAU), que perdeu mais de US$ 423 milhões. Em seguida vem o IAUM, outro ETF da BlackRock, mas que investe em pequenas quantidades de ouro, perdendo US$ 230 milhões.
Curiosamente, o IBIT, ETF de Bitcoin da BlackRock, foi o que mais registrou entradas de recursos entre os nove ETFs do tipo.
ETFs de ouro experimentam saídas de US$ 2,4 bilhões
Além das perdas dos ETFs, as saídas coincidiram com uma queda de 3,4% nos preços do ouro desde o início do ano. Como resultado, o preço da onça-troy do metal caiu para US$ 1.993, o menor valor em dois meses.
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Dos 14 ETFs da lista, somente três registraram fluxos positivos de dinheiro. O que mais recebeu recursos foi o VanEck Merk Gold Shares com entrada de US$ 16 milhões. Em seguida vieram o FT Vest Gold Strategy Target Income ETF, que recebeu entradas de US$ 3,8 milhões, e o Proshares UltraShort Gold (US$ 1,4 milhão).
No entanto, essas entradas foram irrisórias perto do total que os ETFs de Bitcoin receberam, que chegou a mais de US$ 630 milhões em 14 de fevereiro. Dessa forma, os ETFs da criptomoeda confirmam a tendência dos investimentos de mudar de reserva de valor.
De acordo com um estudo realizado pelo Conselho Mundial do Ouro, esta tendência contribuiu para um declínio de 2% no total de ativos sob gestão (AUM) dos ETFs de ouro. Com as perdas, o valor total caiu para US$ 210 bilhões de dólares. Mas os ETFs do metal ainda ocupam as primeiras posições entre os maiores do mercado.
Enquanto isso, os ETFs de Bitcoin obtiveram fluxos significativos, acumulando um total de 705.566 BTC este ano em nove fundos aprovados. Somente o ETF da BlackRock atingiu a marca de US$ 5 bilhões em AUM. O preço do BTC também experimentou um aumento, subindo 23,5% no último mês.
Analistas avaliam
O gestor de portfólio conhecido como “Bitcoin Munger” comentou sobre a mudança significativa nas preferências de investimento, destacando o apelo do BTC juntamente com as perdas substanciais de ativos enfrentadas pelos ETFs de ouro.
No entanto, analistas como Balchunas alertaram contra a interpretação disso como uma migração em massa do ouro para o Bitcoin. De acordo com Balchunas, trata-se mais de um movimento de “medo de perder o trem”, o conhecido FOMO.
Por outro lado, outros aproveitaram para fazer troça de históricos defensores do metal amarelo. Foi o caso de Jameson Lopp, compartilhou um gráfico comparando o desempenho dos dois ETFs (ouro e BTC) e mencionou Peter Schiff, defensor do ouro e conhecido crítico do Bitcoin.
No início deste mês, o Conselho Mundial do Ouro lançou luz sobre as saídas globais de ETF de ouro, citando uma redução no posicionamento especulativo e os ventos contrários dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos e do dólar como fatores que contribuíram para o fraco desempenho do metal.