Apesar das oportunidades de inovação que a tecnologia blockchain oferece e dos anúncios que diversas empresas vêm publicando, destacando todo o potencial da cadeia de blocos e de como ela pode transformar antiga aplicações, um estudo conduzido pelo IDC (International Data Corporation) revelou que, na prática, as companhias brasileiras não estão trabalhando com blockchain e, no curto prazo, também não pretendem desenvolver aplicações com a tecnologia.
A pesquisa foi revelada pelo jornal Valor Econômico e mostrou que apenas 4% das empresas pesquisadas têm realizado algum avanço com blockchain, em contraste com aplicações em nuvem que já tem uma adoção superior a 80% entre as instituições.
“A maior parte [das empresas] apenas começou a arranhar a superfície no sentido de dar uma nova cara aos seus processos e ao seu modelo de negócio, aproveitando-se de avanços tecnológicos como a inteligência artificial e a internet das coisas para atender melhor os seus clientes, aumentar a rentabilidade e ganhar escala”, revela a reportagem.
O IDC destaca também que não há uma tendência de reversão deste quadro no curto prazo, mesmo com o Governo Federal anunciando integração com a tecnologia, como no caso da Receita Federal e CVM – Comissão de Valores Mobiliários. “É preocupante porque significa que as empresas estarão muito defasadas lá na frente”, diz Pietro Delai, gerente de pesquisa e consultoria do IDC.
No total, o levantamento do IDC ouviu 101 diretores de tecnologia de empresas de todo o país durante o mês de setembro. Os dados completos foram apresentados no ultimo dia 28 de novembro, durante o B2B Tech Summit, evento realizado pela Softex e pelo fundo Oria Capital, na cidade de São Paulo, e, de acordo com Delai, esta posição de “espera” é comum nas empresas brasileiras no que se refere à tecnologia e inovação, afinal, a alta tributação no Brasil e os custos elevados para produção e distribuição, modificam as prioridades da empresas que buscam alternativas.
No entanto, Delai reforça que isso pode, justamente, custar eficiência na competitividade das empresas. “Quem chegar primeiro vai colher mais resultados, daí o senso de urgência”, diz, reforçando que outro dos entraves para a adoção da tecnologia é a tendência das empresas de buscarem fazer tudo “dento de casa”, ou seja, querem que as equipes de TI internas sejam responsáveis pela implementação da inovação.
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“Os provedores de tecnologia precisam parar de serem vistos e também de se posicionarem apenas como fornecedores, centros de custo. Eles precisam ser parceiros estratégicos de longo prazo”, diz Guilherme Amorim, gerente-executivo da Softex.
Como destaca o jornal Valor Econômico, para Paulo Caputo, sócio da Oria Capital, um caminho para acelerar o processo é criar uma unidade separada da companhia para pensar em inovação. Nessa linha, o novo braço pode ter orçamento independente e liberdade dos processos tradicionais da companhia.
“O grande inimigo da inovação é o status quo. Isso é natural, é um dilema para todo mundo. Mas temos condições de avançar. Afinal, o Brasil é o país do apesar de [todas as condições desfavoráveis, as coisas acontecem]”, afirmou.