Inspirados pelo movimento “#metoo”, alguns estudantes na China estão codificando mensagens na blockchain do Ethereum para escapar da censura chinesa na internet.
Conforme informado pela Quartz, agência de notícias internacional, nesta última terça-feira, 24 de abril, um endereço anônimo na blockchain Ethereum enviou uma transação em 23 de abril contendo o código que carrega o conteúdo de uma carta aberta censurada, a fim de armazenar permanentemente o texto no domínio público.
A carta aberta, escrita por Yue Xin, uma estudante da Universidade de Pequim, descreveu como ela foi tratada pela universidade depois de apresentar uma petição para tornar pública a investigação de um caso de assédio sexual que teria acontecido na universidade há 20 anos.
A carta já despertou o apoio de outros na China, que também estão postando mensagens na blockchain do Ethereum.
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Membros de pelo menos três universidades do país parecem ter codificado seu apoio na blockchain, em uma tentativa de evitar a censura pelas autoridades chinesas, que visa não apenas a fonte original, mas também republicações que ajudam a divulgar as notícias.
“Desapontado com a declaração oficial da Universidade de Pequim, espero que ela não fique do lado errado desta questão. Mantenha-se forte! – Anonymous, na Universidade de Tsinghua”, diz uma transação que foi posteriormente enviada para o mesmo endereço eletrônico anônimo.
Enquanto isso, membros da Universidade Sun Yat Sen da China e da Universidade Xi’An Eurasia aparentemente também postaram mensagens.
Algumas mensagens:
“Não devemos ficar em silêncio – somos da Xi’an Eurasia University.”
“Estamos dispostos a apoiá-los e somos da Sun Yat sen University.”
De acordo com um relatório do New York Times, o caso envolveu um membro do corpo docente da universidade chamado Shen Yang que supostamente estuprou uma aluna na época, o que levou ao suicídio dela em 1998. Encorajados pelo movimento internacional, ativistas da Universidade de Pequim, incluindo Yue, enviou recentemente uma petição pedindo à universidade para investigar o caso.
No entanto, em sua carta, Yue escreveu como foi forçada pela universidade a cancelar a petição e apagar todas as informações relevantes, além de ameaças de que ela não poderia graduar sem cumprir o que lhe solicitaram. Enquanto ela publicou mais tarde a carta, o nome de Yue foi rapidamente censurado pelas autoridades, diz o relatório.
Embora a blockchain do Ethereum tenha efetivamente documentado permanentemente a carta e as respostas de Yue, o WeChat, aplicativo de mensagens mais popular da China, bloqueou o acesso dos usuários à página de transações blockchain, no etherscan.io, que permite aos usuários visualizar as transações. No entanto, o site etherscan.io ainda é acessível através do WeChat.