O armazenamento seguro de dados que geramos a todo o momento tem sido tema de discussões envolvendo gigantes mundiais da tecnologia e não é novidade que empresas, como a Microsoft, estejam há tempos trabalhando em sistemas de armazenamento de dados baseados em DNA, que possui a capacidade de armazenar nada menos que 700 TB em apenas uma grama, além de possuir durabilidade entre cem e mil vezes maior que um dispositivo de silício. Por exemplo, é possível encontrar registros de análises de DNA em ossos de animais que morreram há milhares de anos, mas um HD não é feito para aguentar mais que algumas dezenas de anos.
Pois bem, além de guardar fotos, vídeos e documentos, o DNA como dispositivo de armazenamento também pode guardar chaves privadas de Bitcoin e foi exatamente este o desafio lançado em 2015 por Nick Goldman, durante o Fórum Econômico Mundial de Davos. Na época, com o Bitcoin valendo cerca de US$200, o pesquisador do Instituto Europeu de Bioinformática apresentou aos participantes novos métodos de armazenamento em DNA que o instituto vinha explorando e lançou um desafio: distribuiu tubos de ensaio contendo amostras de DNA que codificam um Bitcoin (eles também, posteriormente ao Fórum, distribuiram as amostras para quem solicitasse) e, desta forma, a primeira pessoa que conseguisse decodificar o DNA teria posse da chave privada que continha o BTC.
“O Bitcoin é uma forma de dinheiro que agora só existe em computadores, e com criptografia, isso é algo que podemos facilmente armazenar no DNA”, explicou Goldman em 2015 . “Nós compramos um Bitcoin e codificamos a informação no DNA. Você pode seguir a descrição técnica do nosso método e sequenciar a amostra, decodificar o Bitcoin. Quem chega primeiro e decodifica recebe o Bitcoin.”, completou Goldman.
Demorou cerca de três anos, mas em 2018, Sander Wuyts, estudante de doutorado no Departamento de Engenharia de Biociências da Universidade de Antuérpia e Vrije Universiteit Brussel, na Bélgica, conseguiu resolver o problema: “ler” o DNA e decodificar a chave privada tomando posse assim do Bitcoin, que, no momento da descoberta era avaliado em cerca de US$10 mil.
“Esse desafio me fez pensar sobre o DNA como um portador de informações para outras coisas além da biologia. Antes, sempre pensei no DNA como inerentemente ligado à vida biológica. Por exemplo, no meu PhD, o DNA é a principal molécula que uso para descobrir quais bactérias estão vivas na fermentação de alimentos. Este desafio me mostrou que o DNA pode ser muito mais do que isso”, explicou Wuyts.
Ao “ler” o DNA, o estudante não encontrou essencialmente uma chave privada, mas instruções de como deveria agir para reivindicar o seu BTC e também algumas imagens de James Joyce e outros arquivos. Entretanto, o estudante não é um entusiasta das criptomoedas e preferiu gastar seu Bitcoin a guardá-lo.
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“Eu não ganhei milhares de euros, ganhei um Bitcoin. Tenho minhas dúvidas sobre o valor a longo prazo dessa criptomoeda”, afirmou.
Wuyts pretende usar parte dos lucros que obteve com a venda do Bitcoin para investir em projetos científicos futuros, agradecer às pessoas que o ajudaram e celebrar seu doutorado em estilo, assim como todos que o apoiaram ao longo da jornada.