Desde que o grupo WallStreetBets surgiu, as discussões sobre o Pump & Dump voltaram a ganhar força no mercado. Este esquema de movimentações, contudo, está longe de ser uma novidade, sobretudo para quem opera com criptomoedas. Por outro lado, a era das redes sociais intensificou esses movimentos. Agora, os influenciadores digitais permeiam as redes com suas indicações de classes de ativos, ou até mesmo ações específicas.
O que muita gente não sabe é que tal prática pode causar grandes prejuízos aos investidores. Para alertar os novatos, especialistas explicam o conceito de Pump & Dump juntamente com seus riscos. Por fim, trazem dicas de como evitar cair no conto dos ganhos rápidos.
Manipulação de ações baratas
A expressão Pump & Dump vem do inglês e significa, literalmente, inflar e largar. Nela, um usuário (geralmente alguém com grande número de seguidores) recomenda uma determinada ação ou criptomoeda. Normalmente, o ativo é recomendado como uma “oportunidade única” ou algum outro slogan de impacto.
Com a recomendação, os seguidores começam a investir pesado no ativo, causando um grande impacto no seu preço. A princípio, ocorre uma grande euforia: os preços sobem sem parar, muitas pessoas enriquecem. O influenciador é ovacionado como um guru do mercado e alguém de excelente timing.
No entanto, os grandes investidores estão um passo à frente. Ao detectarem o movimento atípico, eles começam a vender os ativos em grandes quantidades. Consequentemente, o preço volta a cair aos seus patamares atuais, desinflando todo o movimento anterior.
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Em seguida, os pequenos investidores, em pânico com a queda, começam a vender também, desencadeando um efeito cascata. Alguns exemplos desse movimento foram as acões da GameStop e criptomoedas-meme, como a Dogecoin (DOGE) e a Shiba Inu (SHIB).
Regulação precisa ser atualizada
Esses movimentos de influenciadores não passaram despercebidos pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Ainda em 2020, uma nota da autarquia esclarece que a recomendação de ativos é uma função restrita aos analistas de investimento.
Por meio uma nota, o órgão reforçou os padrões do analista de valores mobiliários. “O analista é a pessoa natural ou jurídica que, em caráter profissional (gripo da CVM), elabora relatórios de análise destinados à publicação, divulgação ou distribuição a terceiros, ainda que restrita a clientes”, diz a nota.
Para Mário de Avelar, da Ágora Investimentos, as regras da CVM já estão defasadas. E essa defasagem beneficia os influenciadores, os quais podem fornecer indicações e se eximir de riscos.
“Cerca de 98% deles não são analistas. Quando a CVM pensou nesta regra, não imaginou que teriam influenciadores digitais justificando que ‘a fala não é uma recomendação de mercado’.
Dicas para evitar perder dinheiro
Além das críticas, Avelar também deixou três dicas para os investidores não perderem dinheiro por causa de dicas de investimento. Em primeiro lugar, conhecer o histórico do influenciador, sua reputação, possíveis conflitos de interesse, entre outros aspectos.
Em segundo lugar, o investidor deve observar o ativo indicado. Caso seja uma ação ou criptomoeda de valor muito baixo – menos de R$ 1,00 – significa que pode ser um ativo de baixa liquidez. Portanto, um forte sinal de algo que terá mais chances de ser manipulado.
“Dificilmente alguém conseguirá fazer o movimento em ações da Petrobras ou Vale, por exemplo. Estas ações, pois possuem um volume de negociação muito alto”, explica Avelar.
Por fim, a liquidez é um fator muito importante. Quanto maior for a liquidez de um ativo, mais fácil é transformar aquele investimento em dinheiro. Logo, o investidor terá menos problemas para se livrar de um possível investimento equivocado.
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