No final de fevereiro, o trader Lark Davis realizou uma análise sobre o processo de escalonamento do Ethereum.
As taxas do Ethereum se tornaram um ponto de duras críticas envolvendo a rede. Isso porque, com a ascensão de finanças descentralizadas e tokens não-fungíveis (NFTs), as taxas inevitavelmente ficaram mais caras.
Os níveis ficaram tão alarmantes que, em janeiro, a empresa de análise IntoTheBlock divulgou um novo recorde no preço do Gas. À época, as taxas atingiram que marcou os 569,31 Gwei.
Nesse cenário, Davis comentou:
“A situação ficou tão ruim que Ethereum se tornou essencialmente uma blockchain para usuários ricos. O Ethereum está se tornando cada vez menos capaz de lidar com os dias de enorme volatilidade do mercado sem ver as taxas explodindo a níveis insanos.”
Outros especialistas, como Vitalik Buterin e o brasileiro Jeff Prestes, também se mostram engajados na questão das taxas da rede.
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Possíveis soluções
Escalabilidade sempre foi um discurso presente no ecossistema de blockchain. No caso do Ethereum, soluções como Ethereum 2.0 já estão em processo de implementação.
Além disso, existem as soluções de escalabilidade em segunda camada, como Sharding e o recente Optimism.
Com essas alterações, espera-se que a capacidade da rede salte de 15 transações por segundo (TPS) para 100 mil TPS.
Tendo em vista o amplo leque em desenvolvimento, Davis se mostra otimista com a direção das taxas. Ele menciona o protocolo desenvolvido pela dYdX, exchange de produtos futuros de Ethereum:
“Negociar no dYdX tem sido absurdamente caro por causa das altas taxas do Ethereum. Contudo, com a segunda camada usando o câmbio, as transações em cadeia agora custam apenas alguns centavos por transação. Isso é um grande negócio e uma incrível economia de custos de grande magnitude.”
Outro ponto que merece atenção, segundo Davis, é a próxima atualização da Uniswap. A Uniswap é uma famosa exchange descentralizada (DEX), quase um “mascote” do ramo de finanças descentralizadas (DeFi).
Para o trader, a próxima atualização da plataforma também oferecerá soluções de escalabilidade. Tal fato é importante, tendo em vista que a Uniswap é a plataforma na qual as mais altas taxas já foram registradas — com contratos cujas taxas chegaram a R$ 1.500.
Embora atualmente nenhuma solução tenha sido de fato implementada, o médio prazo parece promissor.
Fim da arbitragem com taxas
De qualquer forma, apesar de ainda custosas, as taxas do Ethereum começaram a diminuir no fim de fevereiro.
Essa diminuição pode estar relacionada com uma proposta de melhoria da rede feita por Vitalik Buterin. Trata-se da EIP 3298.
De forma resumida, esta proposta impede que “arbitragens” com o preço das taxas sejam praticadas. Por exemplo, um contrato inteligente é criado quando as taxas custam em média 100 Gwei.
Por meio do mecanismo de “auto destruição” do contrato inteligente, o criador finaliza as operações quando o preço médio das taxas é 200 Gwei.
Parte deste montante é recuperado pelo criador do contrato inteligente. Ou seja, houve uma arbitragem dentro da variação do preço das taxas.
A EIP 3298 de Vitalik Buterin para a atualização Londres do Ethereum (prevista para o segundo trimestre de 2021) consiste no fim desse “reembolso”.
Conforme explicado por Nick Chong, do time de investimento da ParaFi Capital, isso pode ter causado uma queda no preço das taxas.
Isso porque donos destes contratos inteligentes criados para arbitrar taxas possivelmente viram que o “modelo de negócios” chegaria ao fim.
Por meio da proposta, Vitalik Buterin mostra que ainda há grande preocupação em torno das taxas.
Brasileiro fala sobre altas taxas
O CriptoFácil conversou ainda com Jeff Prestes, programador especializado no protocolo Ethereum e especialista do Mercado Bitcoin Digital Assets.
Ao ser questionado sobre o problema das altas taxas no Ethereum, Prestes respondeu:
“Bom, as altas taxas têm um lado positivo, que é mostrar que a governança da rede funciona. Embora as taxas tenham aumentado durante a alta demanda, a rede não colapsou e ficou fora do ar. Em relação à questão de mercado, soluções já estão sendo desenvolvidas para reduzir o preço das taxas e melhorar a usabilidade. Trata-se do Ethereum 2.0, em estágio de implementação, e soluções de escalabilidade em segunda camada, como a Sharding. Acredito que no curto e médio prazo, o Ethereum 2.0 já trará soluções para os atuais problemas, não sendo necessário aguardar o longo prazo para ver melhorias.”
Assim como Lark Davis, Prestes se mostra otimista com as atuais soluções em desenvolvimento, e acrescentou:
“O que os desenvolvedores do Ethereum podem fazer para solucionar o problema já está sendo feito. É um trabalho incansável para implementar as melhorias propostas que, por questões de segurança e estabilidade, não podem ser implementadas da noite para o dia. São necessários testes, a fim de melhorar a rede causando o mínimo de fricção possível.”
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