Para homenagear o mês da mulher e trazer mais informações sobre o papel feminino no universo de criptomoedas e da blockchain, o Criptomoedas Fácil trará uma série de entrevistas com mulheres que estão fazendo a diferença no mercado: a série Mulheres na Blockchain. O título da série faz uma pequena referência ao Women In Blockchain Brasil, grupo liderado por mulheres brasileiras que tem como objetivo disseminar conhecimento e práticas sobre a tecnologia para o mercado.
Durante os próximos dias, serão publicadas três entrevistas em primeira mão realizadas com algumas representantes da comunidade pelo Criptomoedas Fácil. Confira a primeira delas!
Direito e Blockchain: Emília Campos
Emília Campos é advogada e sócia da Malgueiro Campos Advocacia. Pós-graduada em Direito Processual, cursou MBA executivo pela Business School of São Paulo, o Legal Exchange Education Program, na Thomas Jefferson School of Law, em San Diego, e cursou também o 8th MOOC in Digital Currency and Blockchain Techcnology, na Universidade de Nicosia (Chipre), o módulo online do primeiro mestrado focado em criptomoedas do mundo.
Atualmente, Emília cursa o programa Blockchain Strategy da Universidade de Oxford, Reino Unido. Além disso, ela também escreveu o livro “Criptomoedas e Blockchain – O Direito no Mundo Digital”, cujo lançamento está previsto para maio de 2018, pela Editora Lumen Juris. Foi ranqueada pelo Chambers em 2014 e 2015 como referência em sua área de atuação.
Tendo gentilmente concordado em bater um papo com o CF, Emília traz mais informações sobre o seu trabalho, sua visão sobre o futuro da tecnologia Blockchain e também sobre a participação feminina na área.
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Criptomoedas Fácil: Bom dia, Emília. Vamos começar a entrevista falando um pouco sobre você e o seu trabalho para apresentá-la aos leitores.
Emília Campos: Olá, eu sou advogada há 25 anos, me especializei em propriedade intelectual, contratos e direito digital. Atuei em grandes escritórios, como Dannemann e Veirano e há 2 anos abri meu próprio escritório, Malgueiro Campos Advocacia, onde temos um formato bastante diferenciado de atendimento, mais personalizado e focado em negócios.
CF: Como surgiu o seu interesse pelas tecnologias Bitcoin e Blockchain?
EC: Em 2016, um grande amigo me falou sobre Bitcoin e Smart Contracts e logo depois atendi no escritório uma pessoa querendo abrir um fundo de investimento em Bitcoin, então decidi estudar o assunto e acabei me apaixonando completamente. De lá para cá, tenho aumentado cada vez mais minha atuação nessa área, auxiliando clientes a montar estruturas nacionais e internacionais para operações, ICO’s, fundos de investimento, entre outros negócios.
CF: Atualmente, existe alguma aplicação da tecnologia Blockchain sendo utilizada em sua empresa ou em empresas que você atende?
EC: As empresas que atendo ainda estão mais voltadas para projetos envolvendo criptomoedas do que blockchain, especificamente. Os projetos em blockchain infelizmente ainda são muito embrionários.
CF: Qual a sua participação dentro do projeto Women in Blockchain?
EC: Women in Blockchain é uma comunidade, procuramos trocar informações, apoio, indicamos colegas para palestras e trabalhos, ou seja, fomentamos a participação das mulheres nesse ecossistema.
CF: Que tipo de trabalhos o projeto está organizando dentro da comunidade de criptomoedas atualmente?
EC: Principalmente divulgação de conhecimento, palestras, workshops, artigos, conteúdo técnico, além de apoio, claro.
CF: Vimos que você está para lançar um livro. Poderia nos falar mais sobre o tema que a obra irá abordar?
EC: O livro aborda os aspectos jurídicos relacionados às criptomoedas e à blockchain, como a natureza jurídica desse tipo de ativo, regulamentação e tributação no Brasil e no mundo, os Smart Contracts, ICO’s, enfim, todas as questões que tramitam em torno destes assuntos.
CF: De quais formas você acredita que a Blockchain pode contribuir para a área do Direito?
EC: Acredito que a alteração do modelo centralizado de confiança tem muitas possibilidades dentro do Direito. Apenas para dar um exemplo, a utilização da Blockchain para certificação de documentos é uma excelente ferramenta para produção de documentos que podem ser utilizados como prova judicial. Nos próximos anos, muitas outras aplicações ainda serão estudadas e implementadas, como votação, governança, etc.
CF: No Brasil, diversas empresas surgiram nos últimos anos e começaram a trabalhar com a tecnologia Blockchain? Quais são os maiores desafios que você enxerga para a abertura e regularização de empresas, no geral?
EC: O maior entrave para o surgimento de novas empresas, que exploram novas tecnologias, é a burocracia e a falta de regras claras e acessíveis. Infelizmente, nada no Brasil é simples. Precisamos de “sandbox” para estimular o desenvolvimento de novas empresas, como está acontecendo no Canadá, para empresas que atuam com Blockchain. Isso estimula o desenvolvimento do setor.
CF: Uma pesquisa lançada pelo Criptomoedas Fácil em dezembro de 2017 mostrou que 70% das mulheres que investem em criptomoedas pretendem continuar investindo ou aumentar seus aportes em 2018. Como você avalia essa participação feminina dentro do mercado e quais os potenciais que poderemos ter para este ano?
EC: Talvez porque as mulheres são menos suscetíveis à volatilidade do mercado, pois investem em cripto apenas uma quantia da qual efetivamente não precisam. Isso faz com que se preocupem menos com as oscilações na cotação e vejam valor mais a longo prazo. Mas considero importante enxergar além do valor da cotação do Bitcoin como ativo de especulação. Quem enxerga apenas seu valor como investindo está perdendo quão fantástica é essa tecnologia.
CF: Quais são os planos da Emília Campos para 2018?
EC: Muitos negócios, ICO’s e novas empresas! Quero ver o mercado aquecido e o mercado somos nós que fazemos, dia-a-dia. Não podemos ficar parados esperando o governo fazer algo. Se tem uma coisa que pode tirar nosso país da situação em que está hoje, é a inovação e o empreendedorismo e eu acredito muito nisso.