À medida em que o mercado de criptomoedas avança em seu processo de regulamentação, grandes investidores começam a optar pelos criptoativos para diversificação de seus portfólios e com isso cresce a institucionalização deste mercado que, cada vez mais, parece precisar, ironicamente, de um “terceiro” para provar a veracidade das informações divulgadas e trazer, de certa forma, segurança para a esses investidores. O caso da Tether talvez seja o mais emblemático neste quesito, pois a empresa, responsável pela emissão da maior e mais importante stablecoin baseada no dólar, o USDT, é sempre alvo de especulações. Até hoje, o criptoativo não conseguiu “provar” se realmente possui liquidez e se pode garantir a paridade 1:1 de seus tokens.
No entanto, a Tether não é a unica. Exchanges, empresas de mineração, fundos de criptomoedas e uma série de outras empresas que integram este ecossistema vêm buscando cada vez mais uma auditoria para comprovar a lisura de seus projetos e, por sua vez, as grandes empresas mundiais de auditoria contábel já se prepararam para este mercado e lançaram produtos e áreas especificamente destinadas à esta industria. Entre elas, a Ernst & Young, EY., uma das principais empresas de auditoria do mundo que junto com a PwC, a Deloitte e a KPMG formam o “Big Four”, grupo das quatro maiores empresas mundiais de auditoria contábil e, portanto, importantes influenciadoras mundiais.
Para entender como a gigante mundial de auditoria vê o potencial das criptomoedas e da tecnologia blockchain, o Criptomoedas Fácil realizou uma entrevista exclusiva com a EY, que recentemente lançou o serviço Contabilidade e Impostos do Oracle Crypto-Asset (CAAT), uma ferramenta destinada às exchanges, vinculada à uma estratégia maior da empresa chamada Blockchain Analizer. “Planejamos integrar a ferramenta CAAT ao nosso portfólio Blockchain Analyzer para desenvolver um dos mais amplos conjuntos de serviços de tecnologia e processos do setor em impostos e garantia”, disse, na época do lançamento, Paul Brody, líder global de inovação da Blockchain, em referência ao conjunto de tecnologias que foram lançados pela Ernst & Young em abril deste ano.
A EY também estará presente na Futurecom, que acontecerá em São Paulo dos dias 15 a 18 de outubro, um dos maiores eventos do Brasil focado em novas tecnologias. A empresa fará uma série de palestras e também integrará o painel “Como a Convergência de IoT, Blockchain e I.A. mudarão os Negócios?”, no qual Ricardo Fracaroli Vilanova, sócio e advisory da EY, dividirá o palco com representantes da FIESP, TIM, NEC e outras gigantes mundiais, avaliando como a blockchain impactará a sociedade. Confira a entrevista!
Criptomoedas Fácil: Como a Ernst Young enxerga o potencial da tecnologia blockchain?
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Ernst Young: Vemos no Blockchain um potencial de ruptura nos modelos que hoje conhecemos nas esferas de supply chain, financeira, legal, industrial, de interação com o consumidor, de saúde entre outras. Com essa tecnologia, iremos além de criar soluções para melhorar o que temos no presente. Alteraremos radicalmente a forma de se fazer negócios no médio prazo.
CF: A Ernst acredita que os atributos que tornaram a blockchain popular entre as instituições em todo o mundo pode ser expandido também para o Bitcoin e as criptomoedas, ou, embora sejam parte uma da outra, haverá uma separação completa das tecnologias?
EY: A separação das tecnologias já vem ocorrendo, naturalmente. As aplicações de cripto têm complexidade especifica e dificuldades – regulatórias, por exemplo- que não encontramos em aplicações relacionadas à área de supply chain. Globalmente, a EY já desenvolveu projetos de Blockchain que estão em produção e acreditamos nas oportunidades de aplicação imediata no Brasil em esferas que transcendem as criptomoedas e não requerem regulação por ora.
CF: Cada vez mais as empresas têm anunciado o lançamento de plataformas BasS (Blockchain as a Service), no entanto, ainda se debate a questão da interoperabilidade destas plataformas e como elas podem ser integradas tanto entre si como com processos já existentes e “offchain”. Como a Ernst enxerga este desenvolvimento? Podemos esperar também uma interconexão entre plataformas públicas, como Ethereum, e privadas, como a Hyperledger ou Corda?
EY: Hoje, modelos BasS são uma tendência em Analytics, em RPA e em serviços digitais. Com o Blockchain não é diferente. Acreditamos que para diversos cenários, o BasS é uma excelente opção de implantação ágil e robusta. A interoperabilidade entre sistemas parece ser o caminho fundamental para o futuro da tecnologia em si já que diferentes plataformas estão surgindo e amadurecendo. Será importante observar a evolução das plataformas e da própria tecnologia. A integração entre elas amadurecerá naturalmente e ficará mais fácil identificar a melhor forma de tratar sua integração.