Talvez você nunca tenha ouvido falar seu nome, mas Aleksandar Mandic foi um dos empresários fundamentais para a expansão da internet no Brasil. Embora a tecnologia tenha chegado ao país há mais de 30 anos (setembro de 1988 quando no Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), localizado no Rio de Janeiro, conseguiu acesso à Bitnet, através de uma conexão de 9.600 bits por segundo, estabelecida com a Universidade de Maryland), somente algum tempo depois, em 1994, é que a rede global estaria disponível para o público.
Peça-chave na expansão das redes em nosso país, Madic afirmou, em reportagem do Jornal Valor Econômico, que a tecnologia blockchain representa uma nova era para a internet e que, por meio dela, os aplicativos como conhecemos serão modificados totalmente.
“Estamos desenvolvendo uma forma de remuneração dos usuários, que em breve será colocada em prática. Será a terceira geração dos apps: no começo o usuário pagava para usá-los, depois podia usá-los de graça e, agora, o usuário será remunerado”, disse Mandic.
Para ele, o impacto desta transformação será de tal forma que as grandes mudanças da sociedade vão partir dai a tal ponto que serão capazes de transformar totalmente negócios e organizações tal qual estão estruturadas hoje.
“Mudanças importantes surgirão daí, pode ter certeza. Cartórios, por exemplo, logo perderão a razão de existir”, destacou.
O empresário, que criou um dos primeiros serviços de BBS (Bulletin Board System) do Brasil, a Mandic BBS, não é o primeiro a decretar o fim dos cartórios tal qual conhecemos hoje, Luiz Neto, líder do Corporate Innovation no Vale do Silício, já destacou o potencial da blockchain em acabar com filas intermináveis e taxas desproporcionais que tem que ser pagas quando se precisa autenticar ou requisitar uma segunda via de documento.
“A blockchain vai criar uma disrupção com o modelo no qual estão baseados os cartórios atualmente pois ela age como um livro de contas digital, confiável, imutável, visível para todos os participantes, que mostra todos os elementos da transação de forma transparente e por um custo extremamente barato”, afirmou.
No entanto, para Carl Amorim, executivo do Blokchain Institute no Brasil, não haverá uma substituição, mas uma modernização, na qual os cartórios se utilizam das potencialidades da cadeia de blocos para atualizar seus serviços.
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“(…) ninguém detesta os cartórios, mas sim o processo burocrático e centralizado em que cada cartório é um ente isolado (…) Mas e se os cartórios tivessem seus sistemas conectados a um blockchain, onde os documentos ficassem registrados e só precisassem ser autenticados uma única vez e, toda vez que necessários, pudessem ser fornecidos por meio de um link, com um pagamento na casa de centavos e não de dezenas de reais? E se esse sistema permitisse que, em qualquer um dos 15 mil cartórios do Brasil, o cidadão tivesse acesso a suas certidões e documentos independente de onde foram registrados?”, afirma.
Como tem mostrado o Criptomoedas Fácil, diversas iniciativas em todo o globo, inclusive pelas Nações Unidas, tem buscado, via blockchain, modificar como são realizados os registros de terra, uma das funções atreladas ao cartórios. A startup brasileira OriginalMy atua no registro de documentos e assinatura de contratos via blockchain. Através de sua plataforma, o usuário pode registra a autenticidade de coisas que variam de livros a obras de arte, de marcas até um simples texto.
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