El Salvador resolveu abraçar o Bitcoin como moeda de curso legal. Em seguida, representantes políticos de Panamá, Argentina, Paraguai, México e Brasil manifestaram seu apoio à criptomoeda. Algumas lideranças informaram que adotarão medidas para impulsionar o uso do BTC, mas não foi o caso do Brasil. No país, a adoção até cresceu por parte dos investidores, mas especialistas são cautelosos quanto à possibilidade de uma adoção em massa.
De todo modo, as manifestações têm sido vistas como positivas. Nesta quarta-feira (9), logo após El Salvador aprovar o Bitcoin como moeda de curso legal nos país, o preço do BTC subiu 6%, demonstrando otimismo.
É possível que a iniciativa da pequena nação da América Central inspire outras economias, como o Brasil, a adotarem a criptomoeda:
“Precisaríamos ver outros países seguindo os passos de El Salvador. Entretanto, é preciso observar como o governo vai se adaptar do ponto de vista monetário, fiscal e cambial. Talvez a inovação venha para resolver os gargalos do modelo atualmente em voga. Mas isso teremos que ver na prática”, disse ao CriptoFácil Ricardo Da Ros, gerente da Binance no Brasil.
Embora El Salvador possa servir de inspiração, a adoção do Bitcoin no Brasil depende também de interesses de políticos, como pontuou o advogado Rafael Steinfeld:
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“Na conjectura atual brasileira, não vejo como isso ocorrer no curto e médio prazo.”
El Salvador inicia “onda laranja” na América Latina
Após o presidente de El Salvador, Nayib Bukele, demonstrar interesse em reconhecer o Bitcoin legalmente, líderes latino-americanos se manifestaram em apoio ao BTC, iniciando uma “onda laranja”.
O deputado do Paraguai, Carlitos Antonio Rejala Helman, comunicou que iniciará um projeto com Bitcoin envolvendo o PayPal. O parlamentar também colocou “olhos de laser” em sua foto no perfil, uma brincadeira que demonstra apoio à criptomoeda.
Outro a se manifestar foi Gabriel Silva, congressista do Panamá:
“Se queremos ser um verdadeiro centro de tecnologia e empreendedorismo, temos que apoiar criptomoedas. Estaremos preparando uma proposta para apresentar na Assembleia.”
O movimento também ganhou apoio de Brasil, Argentina e México. O deputado da província argentina de Neuquén, Francisco Sánchez, também colocou olhos da laser em sua foto de perfil do Twitter. Já o membro do poder legislativo do México, Eduardo Murat Hinojosa, informou que irá propor à Câmara dos Deputados um quadro jurídico para criptomoedas.
E no Brasil?
No Brasil, o BTC também recebeu apoio de parlamentares. Aderiram aos olhos de laser o deputado estadual do Rio Grande do Sul Fábio Ostermann, o deputado federal de Santa Catarina, Gilson Marques, e o vereador de Porto Alegre (RS), Felipe Cammozato; todos do Partido NOVO.
Apesar disso, nenhum deles propôs desdobramentos ou ações para impulsionar a adoção do Bitcoin. De todo modo, a adoção e o interesse pelo BTC no Brasil vêm avançando, conforme observou Da Ros:
“Um ranking da Chainanalysis mostra que o Brasil é o 13º no mundo em adoção de criptomoedas e terceiro da América Latina. É um bom resultado, mas sem dúvidas dá para melhorar esse ranking.”
Outro fato que corrobora essa informação é o crescimento dos fundos de investimento em criptomoedas no país. Para Da Ros, essas iniciativas representam um avanço, pois ajudam a atrair novos públicos através da inovação e do desenvolvimento de produtos de investimento em criptoativos.
Steinfeld, por outro lado, não acredita que esses fundos possam ajudar na adoção em massa. Afinal, os investidores utilizam o mercado financeiro tradicional apenas para se expor ao preço do Bitcoin:
“Por adoção, temos que levar em consideração aqueles usuários que conhecem o mínimo de criptoativos, de modo que consigam criar uma carteira e fazer transferências. Nesse sentido, apesar de ajudar na valorização, não entendo que fundos de investimentos tradicionais ajudam na adoção dos criptoativos.”
Steinfeld observou ainda que o Bitcoin, por si só, ainda não está preparado para virar uma moeda de curso forçado. Em vez disso, ele vê o BTC mais como um instrumento de proteção contra o sistema financeiro tradicional.
Regulamentação das criptomoedas no Brasil
No Brasil, assim como na maioria dos outros países, as criptomoedas ainda não são regulamentadas. Embora o país seja um dos que mais negocia criptoativos no mundo, o Banco Central (Bacen) ainda não vê a regulação deste mercado como necessária.
Procurado pelo CriptoFácil, o Bacen se limitou a informar que sua posição sobre o assunto permanece a mesma adotada em 2017.
Na época, a autoridade monetária emitiu um comunicado informando sobre os riscos das criptomoedas e afirmando que não havia identificado a necessidade de regulamentar os criptoativos.
Contudo, o Deputado Federal Aureo Ribeiro (Solidariedade-RJ) discorda. Em entrevista ao CriptoFácil, ele destacou que o mercado de criptomoedas no Brasil amadureceu consideravelmente. Por isso, a regulação é necessária.
“Já está em andamento um projeto de minha autoria para discutir a regulamentação das criptomoedas. Atualmente, uma comissão especial debate o assunto e propõe um modelo inovador e libertário que deve ser anunciado ainda este ano”, disse Ribeiro.
Segundo o deputado, não se discute taxação de transações, mas sim o reconhecimento dos ativos digitais de modo a dar mais proteção e segurança aos usuários.
Ribeiro disse ainda que a iniciativa de El Salvador é um sinal positivo de que é possível adotar o BTC como uma moeda de curso legal.
Por fim, ele destacou que a ação pode iniciar uma tendência mundial nesse sentido.
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