Em meio a busca dos investidores institucionais por ativos mais seguros em meio ao surto global de coronavírus e a queda nos mercados de ações, os mercados futuros do criptoativo parecem estar sendo sistematicamente ignorados.
O índice Dow Jones Industrial Average caiu 7,8% na segunda-feira, 09 de março, após a maior queda de um dia nos preços do petróleo desde a Guerra do Golfo, em 1991. A forte queda inicial levou rapidamente ao acionamento do circuit breaker, interrompendo as negociações na bolsa.
Em alguns casos, o Bitcoin resistiu a queda do mercado, negociando no verde, enquanto outros ativos sofreram grandes perdas. O preço do criptoativo subiu 4% entre os dias 04 e 06 de março, enquanto o S&P 500 caiu mais de 2% no mesmo período. No entanto, na segunda-feira o mar vermelho também atingiu o preço do Bitcoin, que caiu 3%.
Ainda assim, desde o início de fevereiro, o Bitcoin e o S&P 500 se moveram de forma similar e em forte queda, enquanto o ouro e os títulos do Tesouro dos EUA tiveram um desempenho superior, apresentando as maiores altas.
O Bitcoin tem sido apontado como um ativo não correlacionado, o que significa que suas oscilações de preço não seguem outros ativos, como ações. Alguns defensores também viram o criptoativo como um porto seguro, um ativo de proteção onde os investidores podem esperar retornos excessivos durante uma turbulência do mercado. O desempenho do mercado da semana passada e as revelações sobre a disseminação do coronavírus colocaram esses dois pontos de vista à prova.
Futuros deixados de lado
Tim Culpan, da Bloomberg Opinion, apontou em uma coluna na segunda-feira de manhã que Bitcoin e ouro se moveram em direções opostas à medida que o surto de coronavírus se aprofundava. De fato, a correlação entre Bitcoin – que é freqüentemente chamado de “ouro digital” – e ouro caiu para -0,22.
Além da queda do preço, os dados do mercado futuro de Bitcoin negociados na Bolsa Mercantil de Chicago (CME) indicam que os investidores institucionais estão evitando o Bitcoin. Se ele é considerado um porto seguro, é de se esperar que os preços aumentassem enquanto os investidores buscam segurança.
Porém, os dados mostram que não foi isso o que aconteceu, visto que os mercados futuros também experimentaram quedas em seus volumes de negociação na CME.
“Olhando para os dados futuros do Bitcoin do CME Group, que é, na minha opinião, o produto mais fácil e limpo para traders, fundos de hedge tradicionais e grandes gerentes de ativos para obter exposição ao Bitcoin, você esperaria que, se os investidores institucionais estivessem começando a expressar acreditando no Bitcoin como ouro 2.0, veríamos grandes volumes e um grande interesse pelo produto nas últimas duas semanas”, afirmou Ryan Todd, do portal The Block. Algo que não aconteceu.
O volume diário dos futuros de Bitcoin da CME atingiu o pico no dia anterior ao que as ações dos EUA atingiram o recorde histórico (19 de fevereiro), com mais de US $ 1 bilhão em volume, antes de cair agora perto de 75%. O mercado futuro de Bitcoin da CME imprimiu seu dia de menor volume em 2020 na sexta-feira, 06 de março, enquanto os juros em aberto de sete dias caíram 25% nas últimas duas semanas.
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