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Cecilia Skingsley, nova chefe do Centro de Inovação do Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês), lançou críticas a respeito das moedas digitais de bancos centrais (CBDC). De acordo com a diretora, essas moedas apresentam algumas falhas preocupantes.
Nesse sentido, Skingsley falou especialmente da interconexão total, isto é, a capacidade das CBDCs de operarem entrei si. A diretora afirmou que os bancos centrais precisarão resolver as limitações transfronteiriças antes de conseguir integrar suas moedas.
Ao mesmo tempo, Skingsley destacou a recuperação do mercado de criptomoedas observada em 2023 e disse que o setor tem lições a ensinar aos governos, mas precisa aprender com os colapsos da FTX e da Terra (LUNC) e corrigir suas falhas.
Skingsley alertou que os esforços dos bancos centrais para impulsionar suas CBDCs enfrentarão limites geopolíticos, assim com ocorre atualmente.
Em entrevista para a Reuters nesta segunda-feira (6), a diretora também falou sobre a valorização das criptomoedas no início do ano. Skingsley acredita que os investidores terão uma nova perspectiva sobre a CBDC e o mercado de criptomoedas com essa recuperação.
“Eu diria que a indústria aprenderá com essas falhas e criará coisas novas”, disse a diretora.
Skingsley afirma que as CBDCs trarão evolução ao sistema financeiro, sobretudo nas transferências internacionais. No entanto, alerta que as CBDCs manterão a atual divisão global, dessa vez de acordo com o desenvolvimento de cada país.
Além das limitações tecnológicas, nem todos os países do mundo estarão preparados para cooperar plenamente. Logo, as CBDCs nunca terão interconexão devido a limitações transfronteiriças por causa dos diferentes níveis de adoção.
Isso é visto hoje com os poucos países que já lançaram suas criptomoedas. Na China, por exemplo, as CBDCs já circulam em massa entre o povo e as cidades locais. Por outro lado, o governo da Nigéria precisou impor limites ao uso de dinheiro vivo para fazer os cidadãos adotarem a eNaira.
A diretora do BIS sugeriu a baixa aceitação de alguns CBDCs. Já o chefe do Banco da Inglaterra, Andrew Bailey, levantou dúvidas sobre a interação. Bailey até se questionou se outros países aceitariam uma eventual “libra digital” emitida pelo Reino Unido
“Isso abre a questão de como você mantém os objetivos de política pública que consideramos importantes – ou seja, a confiança no sistema monetário”.
Até a publicação deste texto, 11 países já lançaram um CBDC e mais de 100 outros já estudam esta tecnologia. O Brasil está no segundo grupo, com o lançamento do Real Digital previsto para 2024.
Surpreendente, na visão de Skingsley as criptomoedas são provavelmente a única solução para melhorar os pagamentos internacionais. A mudança ocorre porque o uso de dinheiro físico está caindo globalmente enquanto as autoridades procuram manter seus poderes de impressão de moeda.
No entanto, a ameaça de criptomoedas descentralizadas como Bitcoin (BTC), e empresas de ‘Big Tech’, impõe limites a esse arranjo. O aumento de 40% no preço do BTC no mês passado mostrou a resiliência do mercado e a possibilidade das pessoas adotarem mais criptomoedas no longo prazo.