Uma métrica um tanto inusitada foi registrada pelo site Localbitcoins da Venezuela. Segundo o principal site focado em transações P2P de Bitcoin, o país sul-americano registrou um valor de 2.7 trilhões de bolívares em transações com a criptomoeda.
Isso mesmo, não houve qualquer erro de digitação: foram negociados em bitcoin o equivalente a 2.7 trilhões de bolívares. O estonteante número é o maior da série iniciada em 2013. Os dados foram coletados pelo site Coin Dance, que registra as operações realizadas no Localbitcoins. O site usa taxas de câmbio oficiais do dólar americano e o montante em dólar representa US$55 milhões.
Em comparação, na semana anterior, as negociações giravam em torno de 35 milhões, enquanto na última semana de março, os números totalizaram 18 milhões. Trata-se de um aumento de três vezes em pouco mais de um mês.
Inflação nas alturas e controvérsia digital
Parte desse estrondoso aumento e das cifras aparentemente irreais deve-se, na verdade, ao igualmente absurdo valor atingido pela inflação do país. Com a destruição do poder de compra do bolívar, a Venezuela vive uma situação de completo cáos econômico.
Segundo a agência Reuters, a hiperinflação já alcança 454% apenas nos primeiros quatro meses de 2018. Segundo estimativas, o valor da taxa de inflação do país em 2018 pode alcançar os 13.000%. “A inflação mensal em março foi de 67%, ante 80% no mês anterior”, observa a publicação, com inflação anual nos últimos 12 meses prevista em 8900%. (As estatísticas oficiais são conflitantes, uma vez que os dados divulgados pelo governo são pouco confiáveis.)
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Além da difícil situação economica, a Venezuela lida com diversas polêmicas envolvendo a sua criptomoeda oficial, o Petro. Recentemente, o governo afirmou que a criptomoeda passaria a ser adotada como meio de pagamento legítimo para todas as transações do governo, incluindo impostos e taxas, em um prazo máximo de 120 dias.
Outros governos já começaram a criar barreiras para o Petro. O governo Estados Unidos proibiu os seus cidadãos de comprarem a moeda, enquanto o governo da Rússia negou que estaria apoiando o projeto de alguma maneira.
Considerando o aumento das negociações em Bitcoin na Venezuela, é provável que nem a própria população do país pensa em trocar seus satoshis pelo Petro endossado por Nicolás Maduro.