O cientista da computação Craig Wright ficou famoso pela série de processos que moveu contra grandes nomes da comunidade do Bitcoin (BTC). Em cada processo, Wright alegava ser Satoshi Nakamoto, ou seja, o criador do Bitcoin, e processava quem contestasse sua alegação.
No entanto, um grupo de desenvolvedores do Bitcoin Core decidiu partir para o ataque e processar Wright. O grupo moveu uma ação contra ele e a sua empresa, chamada de Tulip Trading (TTL), relativa a disputa pela propriedade 111 mil BTC. Em valores atuais, a quantia corresponde a R$ 14,3 bilhões.
O grupo apresentou o processo em um tribunal de Londres, no Reino Unido, na segunda-feira (21). Representando 12 desenvolvedores, o grupo conta com apoios de peso, incluindo o fundador do X (antigo Twitter), Jack Dorsey.
De acordo com a ação, a TTL nunca possui os 111.000 BTC que está tentando reivindicar. Portanto, a alegação de Wright de que esses BTC lhe pertenceriam seria falsa. O grupo também acusa a empresa de “fabricar” documentos para provar a propriedade dos ativos e obter controle fraudulento sobre eles.
“A TTL não pode provar que controla esses BTC porque nunca possuiu os ativos digitais e iniciou esta reivindicação de forma fraudulenta e com base em documentos fabricados”, disse o processo.
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Nenhuma reivindicação legítima ao BTC
Além disso, o documento descreve o histórico de fabricação de provas de Craig Wright em processos judiciais internacionais. Em 2022, Wright perdeu um processo na Noruega porque não conseguiu provar ao tribunal que era de fato Satoshi Nakamoto.
Os desenvolvedores criaram o processo junto com o Bitcoin Legal Defense Fund, uma organização financiada pelo fundador da Block (anteriormente Square), Jack Dorsey. Esse fundo tem como objetivo precisamente defender os desenvolvedores contra processos dessa natureza
Craig Wright tornou-se famoso por afirmar em 2016 que era o criador do Bitcoin, Satoshi Nakamoto. Parte da grande mídia acreditou em Wright, mas ele nunca deu provas de sua alegação. Contudo, o cientista tem processado sistematicamente pessoas que o contradizem e contestam suas alegações.
Timothy Elliss, sócio da Enyo Law, disse que a TTL iniciou a afirmação de forma fraudulenta, sabendo que não tem direito legítimo aos BTC. Nesse sentido, Wright poderia confirmar seu direito aos BTC simplesmente provando que tem as chaves privadas das carteiras. No entanto, ele nunca apresentou essa prova, o que desperta ainda mais desconfiança da comunidade.
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Wright enterrado em processos judiciais
Em fevereiro de 2022, a empresa de Wright alegou que os desenvolvedores tinham “deveres fiduciários” ou “deveres de cuidado” para policiar e controlar a rede do Bitcoin. A partir daí, Wright começou uma série de processos. No passado, ele já proibiu o white paper do Bitcoin de circular no Reino Unido, alegando que tinha direitos sobre a obra.
Na Noruega, Wright perdeu um processo para o anônimo Hodlonaut, que o chamou de “fraude”. Só que o tribunal determinou que Wright não apresentou provas suficientes de que era Satoshi Nakamoto. Hodlonaut ganhou a causa e o juiz determinou que Wright pagasse US$ 383.000 em taxas e despesas – ele ainda pode recorrer.
Até mesmo Edward Snowden entrou na briga e comprou o lado dos bitcoiners, chamando Wright de “fraude” após uma discussão no X.