O começo da primeira semana do mês foi agitado para o mundo da tecnologia. Recentemente, uma das maiores notícias que circulam é o anúncio da compra do GitHub, maior repositório de códigos do mundo, por US$7,5 bilhões pela Microsoft. A gigante do mercado de softwares passa a ser dona de uma rede de repositórios que conta com mais de 28 milhões de usuários em todo o mundo – os quais não mostraram-se nem um pouco satisfeitos com a notícia.
Embora tenha assegurado de que as operações do GitHub continuarão a ser administradas de maneira independente, a notícia da compra provocou uma grande preocupação entre desenvolvedores que temem ver os seus trabalhos afetados de alguma maneira.
Provavelmente, nem as palavras do presidente-executivo da Microsoft serviram para acalmar os ânimos. Ao falar sobre a compra do GitHub, Satya Nadella afirmou que “a Microsoft é uma companhia voltada ao desenvolvedor e, ao unir forças com o GitHub, nós fortalecemos nosso comprometimento com a liberdade do desenvolvedor, abertura e inovação”, afirmou o executivo em nota.
Impactos na blockchain
A aquisição do Github pela Microsoft pode ter sido um bom negócio para ambas partes, especialmente para o repositório: a plataforma ainda não obteve lucro e esteve sem um CEO nos últimos nove meses. A chegada da Microsoft ameniza as preocupações financeiras do Github e proporciona estabilidade para seguir em frente. Acredita-se que a gigante da tecnologia esteja interessada no Github como um meio de avaliar o que os programadores estão criando e descobrir quais são as tendências do mercado.
Para os desenvolvedores do mercado de blockchain, em particular do repositório do Bitcoin, criados em uma comunidade que valoriza os padrões de código aberto e a liberdade do controle corporativo, o envolvimento da Microsoft levanta suspeitas. Diversos desenvolvedores já começaram a liderar campanhas para abandonar a plataforma e mudar para repositórios alternativos, com o Gitlab aparecendo como o maior beneficiário até o momento. São divulgados dados que mostram uma enxurrada de repositórios migrando para sua plataforma.
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Entre os desertores está Wladimir van der Laan, desenvolvedor do Bitcoin Core. Laan é da opinião de que o repositório do criptoativo deve migrar, e afirmou em seu Twitter:
“Eu espero que este seja o começo de uma longa e dolorosa estrada do GH rumo à obsolescência.”
Embora não exista nada que sugira, no momento, que a Microsoft esteja disposta a começar a cobrar taxas e usar dados dos usuários, a compra de uma comunidade que se orgulha da descentralização é algo difícil de digerir para muitos membros.
As companhias rivais rapidamente se aproveitaram do hype para tentar atrair parte dos insatisfeitos com o GitHub. Segundo estimativas do site Bitcoin.com, mais de 1.000 tweets foram publicados com a hashtag #movingtogitlab e a empresa ofereceu 75% de desconto em seus planos de assinatura. Outras plataformas também foram sugeridas, como a Keybase.
Ainda é cedo para avaliar os reais impactos da compra do GitHub e qual o papel que a gestão da Microsoft terá sobre a empresa. Porém, em termos de imagem, o dano parece já ter sido causado, com o GitHub tornando-se para parte da comunidade, sob a sombra de seus novos donos, a antítese de tudo o que eles representavam.