Os leitores familiarizados com a criptomoeda Dash devem reconhecer algumas particularidades do ativo. Envio instantâneo, combinação de consenso, masternodes, algoritmo de mineração X11 e assim por diante. No entanto, esses elementos também foram encontrados no recém publicado white paper do Petro, a criptomoeda da Venezuela. E isso chamou a atenção de pelo menos um leitor atento, o desenvolvedor de Ethereum Joey Zhou.
Zhou levou ao seu perfil no Twitter uma comparação entre as duas moedas, anunciando que “o novo token Petro da Venezuela é um clone descarado (pelo menos a página 11 do whitepaper)”. Ele então ressaltou um gráfico que é proeminente, tanto no whitepaper (página 13 no PDF) quanto no Github da Dash.
Sob o título “Descrição Técnica” (Seção 11.6, “Implantando o Tenecia”), o whitepaper do Petro parece propor uma combinação consensual de algoritmos de Prova-de-Trabalho (PoW) e Proof-Of-Stake (PoS), que é semelhante à utilizada pela Dash. O Petro começa alocando 85% de suas recompensas para “nós maestros”, ou masternodes, e deixa o restante para os usuários.
Centralização e plágio
A Superintendencia Nacional de Criptoactivos y Actividades Conexas (Sunacrip), entidade autônoma que supervisiona os assuntos relacionados à criptomoedas na Venezuela, aparece com destaque no whitepaper do Petro. Embora a moeda supostamente tenha masternodes, uma parte fundamental na governança, a Sunacrip detém um grande poder. Por exemplo, é permitido alterar o consenso de acordo com a “conveniência” da rede. No entanto, o whitepaper afirma que os masternodes “tomarão decisões na rede e apoiarão transações realizadas por eles mesmos”. O que pode soar como uma contradição.
Embora possa haver indícios de plágio, muitos podem argumentar que a Venezuela poderia ter adotado a Dash ao invés de criar uma cópia. O país já tem uma história com a Dash e, ainda neste ano, a criptomoeda registrou um aumento de preço de dois dígitos, aparentemente devido à uma corrida de venezuelanos para escapar de uma hiperinflação, que chega a 1.000.00%.
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Um mergulho ainda mais profundo no Petro mostra o que parece ser um padrão quando se trata de semelhanças. De fato, tanto o envio instantâneo quanto a mineração de Dash foram utilizadas no Petro. O “envio instantâneo de transações, um avanço inovador com um impacto significativo comparado às criptomoedas existentes” é descrito no whitepaper. Essa frase omite, é claro, que a Dash também possui transações instantâneas.
Em resumo, a acusação de plágio é mais uma polêmica que envolve a criptomoeda estatal da Venezuela, cujo anúncio oficial de venda foi realizado pelo presidente Nicolás Maduro no dia 1º de outubro.