Dos 1.650 iranianos usuários de Bitcoin descobertos em uma pesquisa feita em grupos do aplicativo de mensagens Telegram, 25% ganha de US$500 até US$3.000 por mês em trabalhos envolvendo criptomoedas, segundo uma pesquisa realizada pela empresa Gate Trade.
Conforme relatou a Coindesk nesta quarta-feira, 11 de setembro, estes dados oferecem uma visão da evolução da comunidade de Bitcoin no Irã e corroboram a clássica tese de “reserva de valor”.
Mais de um terço dos entrevistados recebe valores minerando, enquanto 58% recebe valores por meio de trading – tanto em exchanges, quanto em redes locais que fornecem liquidez na moeda iraniana.
A pesquisa indicou um forte crescimento na indústria de mineração do Irã, com 70% dos entrevistados expressando interesse em aprender mais sobre os negócios locais do segmento.
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O mercado iraniano de criptomoedas está mudando seu foco de exchanges globais para exchanges locais, uma vez que a maior parte das exchanges com sistemas de KYC excluem iranianos. Quase 83% dos entrevistados afirmaram que eles precisam de um acesso mais robusto a exchanges para que haja crescimento.
Um dos representantes da Gate Trade afirmou que muitos iranianos estão utilizando VPNs e comprando identidades estrangeiras no mercado negro para conseguir burlar as proibições.
O programador Jimmy Song disse que já ter visto casos parecidos em outras regiões. Algumas circunstâncias diferem, contudo, no geral, o propósito é o mesmo.
“Na China, existem grupos do WeChat de traders, pois eles não têm acesso direto a exchanges. Também ouço falar de um ágio na Argentina, por exemplo, pois a economia do país está passando por problemas. O que nós queremos, para todos estes lugares, é que as pessoas consigam acumular capital e ganhar dinheiro para construir coisas.”
A censura enfrentada pelos iranianos fez com que a demanda por “fatores globais” declinasse, como o dólar estadunidense, o mercado de ouro e até mesmo o mercado de ações. Cerca de 60% dos entrevistados afirmaram que condições externas tiveram pouco ou nenhum impacto nos investimentos de Bitcoin. A maior parte dos entrevistados são holders de longo prazo, investindo em Bitcoin com a intenção de guardar o ativo por mais de um ano.
O mesmo acontece com o desenvolvedor residente da capital do Irã Mahmoud Eskandari. Ele possui Bitcoin, liquida outros criptoativos como emprego secundário e envia Bitcoin para que estudantes iranianos estudando fora consigam pagar pelos seus gastos.
“Hoje é claro pra mim que mais e mais pessoas estão utilizando Bitcoin. O Bitcoin não teve um impacto profundo na vida dos iranianos, mas seu uso está crescendo entre as pessoas e eu posso ver isso.”
Quase 29% dos entrevistados possui mais de US$5 mil em criptomoedas. Em comparação a estatísticas de 2018, iranianos estão armazenando uma quantidade significativa de riqueza em Bitcoin. Jimmy Song completa:
“A demanda por Bitcoin será sentida em economias com problemas muito mais do que em países de primeiro mundo. Isso é esperado pois eles sentem muito mais o impacto da inflação.”
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