“Este livro não é um manifesto. Não há tempo para isso. Este livro é um alerta”, Julian Assange.
É com essa frase que Julian Assange, um dos mais controversos nomes no que se refere à privacidade na internet, abre a introdução de Cypherpunks: Liberdade e o Futuro da Internet, livro que foi lançado em 2013 pelo fundador e editor-chefe do site Wikileaks.
O livro tornou-se conhecido recentemente após ter sido distribuído de graça pela Amazon pouco depois da prisão de Assange. O australiano foi preso na embaixada do Equador em Londres no dia 11 de abril, logo após o governo equatoriano ter revogado seu asilo no local.
E Cypherpunks… é um livro que vale muito a pena ser lido pelos entusiastas de Bitcoin e criptoativos. Embora tenha sido lançado no já longínquo ano de 2012, o livro permanece atual em vários pontos, além de trazer uma série de diálogos interessantes sobre o Bitcoin.
O livro
“É de extrema importância criar uma moeda eletrônica justamente porque o controle dos meios de pagamento constitui um dos três ingredientes do estado”, treco do livro Cypherpunks: Liberdade e o Futuro da Internet.
O formato de Cypherpunks é ligeiramente diferente de um livro tradicional. Aqui, na verdade, vemos uma série de conversas de Assange com seus colegas Jacob Appelbaum, Andy Müller-Maguhn e Jérémie Zimmermann. As conversas foram gravadas durante a estadia de Assange na embaixada equatoriana e, posteriormente, transformadas no livro em questão.
Um dos grandes atrativos do livro é justamente o seu “anacronismo”. Como foi escrito há mais de meia década, podemos ver que muitas das preocupações de Assange em relação à privacidade na internet não apenas se mostraram acertadas, como são muito mais graves do que ele imaginava. A perda da privacidade digital, por exemplo, transforma Assange em praticamente mais um profeta.
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Outros assuntos discutidos – e que estavam em alta na época do livro – são as revoltas no mundo árabe, que ficaram conhecidas como Primavera Árabe. Assange e seus parceiros discutem o papel da internet na organização dos protestos, ao mesmo tempo em que, paradoxalmente, ela aumentou a possibilidade do estado conseguir implementar a censura de forma mais eficiente.
O Bitcoin mostrado no livro
“No modelo do estado como uma máfia, no qual o estado não passa de um esquema de extorsão, ele tira o dinheiro das pessoas de todas as maneiras possíveis”, Julian Assange.
Na época de produção do livro, o Bitcoin ainda era totalmente desconhecido para a maioria das pessoas. O Wikileaks foi um dos primeiros sites de grande porte a aceitá-lo como meio de pagamento após seu acesso a contas bancárias ter sido bloqueado.
Devido a isso, o criptoativo é um tema bastante discutido na conversa. No capítulo sobre economia, especialmente, ele ganha um relativo destaque. O próprio Assange destaca que o Bitcoin conseguiu criar um equilíbrio certo e representar uma forma eficaz de obtenção de consenso.
O bloqueio financeiro do Wikileaks também é citado nesse ponto, no qual Assange revela que a decisão revela a concessão, por parte do estado, “a determinados atores financeiros o status de reis e não permite que outros entrem no mercado”. Uma clara referência ao monopólio estatal fornecido ao sistema bancário tradicional.
Até mesmo o anonimato de Satoshi Nakamoto é debatido por Assange. A identidade do criador do Bitcoin tem sido alvo de várias disputas e debates, especialmente em 2019. E Assange faz uma reflexão instrutiva a esse respeito.
“A pessoa que criou o Bitcoin teve suas razões para querer manter o anonimato – você não vai querer ser a pessoa que inventou a primeira moeda eletrônica realmente eficaz.”
Conclusão
Embora lançado há 7 anos, Cypherpunks traz em seu conteúdo temas que continuam atuais. Muitos dos temores expressos por Assange e seus companheiros não apenas se mostraram reais, mais assumiram uma face mais tenebrosa do que eles imaginavam.
Trata-se de uma leitura rápida, eficaz e muito atual para que possamos compreender “o caminho da servidão digital”, parafraseando o economista austríaco Friedrich von Hayek.
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