O setor de crowdfunding tem crescido de forma consistente no Brasil, especialmente nos últimos cinco anos. Segundo a pesquisa Retrato Financiamento Coletivo Brasil, realizada em 2013 pela empresa de financiamento coletivo Catarse, 54% dos entrevistados já tinha apoiado pelo menos dois projetos através de crowdfunding.
A variedade de projetos que pode ser abarcada por essa área é enorme. De produções culturais até viagens de intercâmbio, de viabilizar uma empresa até executar um projeto de impacto ambiental. As opções são enormes. Em 2016, mais de 180 milhões de reais haviam sido arrecadados por projetos via financiamento coletivo.
Recentemente, o setor de crowdfunding recebeu um importante aliado: os ativos digitais. Foi lançada no Brasil a CrowdBit, primeira plataforma do país que realiza campanhas de financiamento com ativos digitais, e o Criptomoedas Fácil conversou com o Diego Vellasco, um dos criadores dessa iniciativa.
Financiamento com criptoativos
Nome bastante conhecido dentro da comunidade de criptoativos do Brasil, Vellasco é fundador da ChameleonBit, startup que trabalha com negociações anônimas de ativos digitais. Ele já havia realizado campanhas de arrecadação no final do ano passado em auxílio a dois asilos e um abrigo de crianças de sua cidade Viçosa, no estado de Minas Gerais. Dessa campanha surgiu a ideia inicial da plataforma.
“No final de novembro de 2017, tivemos a ideia de lançar um mecanismo para arrecadar doações através de botões instalados na Bitstaster (plataforma de pagamento também lançada por Vellasco) e ela só teria esses botões. Depois, optamos por expandir o serviço e desenvolver o crowdfunding”, afirmou.
Vellasco disse que a opção por lançar uma plataforma de crowdfunding foi motivada pelo fato de que esse sistema traz uma verdadeira “quebra de fronteiras” para o mercado.
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“É um sistema que não tem a necessidade de bancos nem de burocracia, tem um alcance maior, é possível ajudar uma campanha de qualquer lugar do mundo sem nem ao menos precisar conhecer a pessoa.”
Outras vantagens da plataforma da CrowdBit apontadas por Vellasco foram a ausência de intermediários e a possibilidade de criar quaisquer tipos de campanhas, sem praticamente nenhuma limitação de tema.
“O usuário pode abrir uma campanha e levantar dinheiro para um projeto pessoal, para abrir uma empresa, para um casamento, um churrasco, para qualquer tema que for, sem dores de cabeça. A campanha depende apenas do doador e do organizador: se o doador gostar da proposta da sua campanha, ele vai lá e doa, sem precisar de nenhum intermediário”, enfatizou.
Privacidade e segurança
Embora seja um projeto bastante inovador, preocupações com segurança e privacidade sempre estão na mente dos membros da comunidade – os quais já possuem certa experiência com projetos mal-sucedidos ou mesmo com golpes. Por isso, Vellasco também trouxe alguns pontos sobre como a plataforma funcionará.
“Sobre a segurança, temos um time focado nessa parte. Utilizamos Cloudflare e verificações internas de segurança. Sobre a proteção dos dados e valores, nós pegamos o mínimo de dados possível, basicamente nome e email de quem se cadastra na plataforma, pois temos uma política de proteção de dados já conhecida pelo nosso serviço com a Chameleonbit”, afirmou.
Vellasco também falou um pouco sobre a versão atual do site, que está em beta:
“Hoje a gente possui um MVP (Mínimo Produto Viável) funcional. O usuário consegue se cadastrar, abrir uma campanha, receber o dinheiro e sacar no final da campanha.” Segundo o site, as campanhas possuem opções de duração de 30, 60 ou 90 dias, mas a empresa está fazendo algumas alterações nesses prazos. “Vamos alterar os termos para permitir ao usuário sacar o dinheiro assim que a meta de arrecadação for atingida, ao invés de ter que esperar até o final do prazo. Queremos, com isso, desenvolver uma real solução para o cliente, como fazemos em todos os nossos projetos”, pontuou.
Alcance da plataforma
Embora a ideia de criação da plataforma tenha surgido em novembro do ano passado, o site começou a funcionar apenas neste mês. Segundo Vellasco, no momento da realização da entrevista, a CrowdBit estava em operação há quase 15 dias – e já mostrava alguns resultados interessantes.
“Temos quase 15 dias de operação. Contamos com 24 campanhas cadastradas e quase 1000 reais arrecadados. Agora estamos investindo muito em propaganda e temos obtido muita visualização. O canal do vô Epa (canal Epaminondas Bitcoin no YouTube) já fez um vídeo sobre nós. Estamos investindo muito em propaganda e divulgação”, afirmou.
Ativos digitais da plataforma
Sobre os tokens que serão utilizados na plataforma, Vellasco afirmou que será possível fazer e receber doações em Bitcoin, Bitcoin Cash, Dogecoin (“minha paixão”, segundo ele), Decred e Ether.
“Dentro da plataforma será possível escolher qual das cinco moedas você deseja receber na sua campanha.”
Além das cinco moedas citadas, os clientes da CrowdBit também receberão tokens nativos da plataforma, que serão gerados e distribuídos para os doadores e para as campanhas sociais. Os tokens serão gerados através da SingularDTV, plataforma em blockchain especializada em criação e distribuição de plataformas de entretenimento.
“Os tokens poderão ser usados para doações, na exchange da SingularDTV, a SingularX – e também em exchanges parceiras que iremos buscar futuramente. Eles também poderão ser usados para promover campanhas e para várias outras utilidades futuras. Os tokens serão distribuídos aos doadores e não vendidos. Outra parte deles será utilizada em um airdrop, onde o usuário poderá cumprir algumas etapas e receber moedas em troca”, explicou.
Pagamentos e taxas
Sobre os pagamentos, eles serão feitos após o encerramento da campanha. O encerramento pode ser automático (feito ao final da campanha) ou feito por quem criou a campanha, caso ela termine mais cedo do que o previsto.
Após fazer isso, basta que o criador da campanha cadastre um endereço válido, de acordo com a moeda que eles escolheu. Feito isso, o saque será feito no mesmo dia. Para dar mais transparência e controle das doações e saques, cada campanha terá uma seção chamada “transparência”, onde constarão todas as doações que entram na campanha.
“Estamos planejando algumas melhorias como a adição de mais moedas, a possibilidade de realizar conversão automática de uma moeda para qualquer outra moeda que o usuário deseje (estamos buscando um parceiro para nos auxiliar nessa tarefa) e ferramentas para a promoção de campanhas dentro do sistema”, explicou ele.
Em relação as taxas cobradas pela plataforma, Vellasco explicou que elas serão cobradas de acordo com o tipo de campanha. “Para campanhas sociais, será debitada uma taxa de administração de 3% do valor da campanha. Se for uma campanha pessoal, a taxa será de 4%. E se a campanha for para startups ou empresas, 5%. Para os doadores, será cobrada uma taxa de 1%, sendo que 0.5% é referente a taxa de depósito e os 0.5% restantes é da taxa do Gateway de pagamento”, finalizou.
Em um mercado que movimentou quase 200 milhões de reais apenas em 2016 – e que vem crescendo a cada ano – a CrowdBit pode causar uma verdadeira revolução nas campanhas de arrecadação de fundos. Com menos intermediários, menos taxas e várias opções de ativos digitais, arrecadar fundos para quaisquer objetivos tende a se tornar cada vez mais rápido, barato e seguro.