Segundo a polícia europeia (Europol), criminosos usaram criptomoedas para operações de lavagem de dinheiro que somam 4 bilhões de libras (o equivalente a 5,5 bilhões de euros) em 2017.
Esse valor corresponde a 4% do total de dinheiro ilegal em circulação pela Europa, o qual é estimado em cerca de 100 bilhões de libras, segundo a agência. A informação foi divulgada pelo diretor da Europol, Rob Wainwright, em entrevista para o canal britânico BBC.
Dificuldade de rastreamento e confisco
Na entrevista concedida à BBC, Wainwright citou a dificuldade de rastreamento e confisco de criptoativos como uma das dificuldades para a captura dos bandidos que as utilizam. “Elas [criptomoedas] não são bancos, nem são controladas por uma autoridade central, o que deixa a polícia incapaz de monitorar essas transações. E mesmo que conseguissem identificar os criminosos, não há como congelar os ativos, ao contrário do sistema bancário tradicional“, afirma o diretor.
Mesmo que uma estimativa de 4% possa parecer irrisória, o temor da Europol é que esses números aumentem e tragam maiores dificuldades para o órgão conseguir combater essas operações de lavagem de dinheiro.
Outra preocupação é a de que as moedas digitais possam ser utilizadas para o exercício de outras atividades ilícitas. Como o caso de Kyle Enos, que foi preso no País de Gales na semana passada por operar uma loja online de drogas e medicamentos controlados na Deep Web, a qual aceitava apenas pagamentos em Bitcoin. Uma espécie de versão britânica do extinto e famigerado Silk Road.
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Clamor por regulação
Essa notícias acabaram criando uma ampla discussão na Europa sobre regulações mais eficientes para as criptomoedas. O diretor da Europol ressaltou esse fato ao apelar para que as exchanges desenvolvam melhores ferramentas de controle em suas plataformas.
“Elas [as exchanges] precisam tomar ações mais responsáveis e colaborar conosco quando estamos investigando crimes de grande escala“, disse Wainwright. “Eu acho que eles também precisam desenvolver um melhor senso de responsabilidade em torno de como eles estão trabalhando com as moedas virtuais“.
Os órgãos reguladores britânicos já estão estudando novas regulações. Um comitê do Tesouro foi criado para estudar as regulamentações europeias já existentes e tentar fazer as empresas revelarem identidades de quaisquer suspeitos de atividades ilícitas. Os trabalhos do comitê devem ter resultados esperados para o final do ano.
“Isso chamará a atenção do Tesouro e do Banco [da Inglaterra] e outros para a forma como implementamos um sistema regulatório“, afirmou a deputada do Partido Trabalhista inglês, Alison McGovern.”Reconhecemos que houve muita demora em analisar o problema, mas a oportunidade não está perdida, e todos devemos continuar com o trabalho a partir de agora“.
Entretanto, é sempre bom lembrar que os números referentes ao uso de criptomoedas para lavagem de dinheiro ainda são inexpressivos em termos mundiais, fato que foi demonstrado em um relatório do Centro de Sanções a Crimes Financeiros dos Estados Unidos. O documento aponta que o uso do Bitcoin para lavagem de dinheiro na Europa corresponde a meros 0.77% do total mundial.
O fato do Blockchain ser um livro-razão aberto e auditável por qualquer pessoa torna as transações ilegais com criptomoedas menos práticas do que as transações em dinheiro vivo, por exemplo. E dada a transparência da plataforma, podemos esperar vários avanços sendo feitos nessa área com o passar dos anos.