A gestora de ativos digitais Bitwise divulgou um relatório nesta semana afirmando que as indústrias de criptomoedas e inteligência artificial (IA) poderiam adicionar US$ 20 trilhões ao PIB global até 2030. De acordo com Juan Leon, analista sênior de pesquisa de cripto da Bitwise, a interseção entre IA e dos criptoativos será ainda maior do que se imagina atualmente.
Uma das oportunidades de colaboração destacadas por Leon é a parceria emergente entre mineradores de Bitcoin e a indústria de IA. O recente boom da IA, exemplificado pela produtora de chips Nvidia atingindo um valor de mercado de US$ 3 trilhões, tem gerado uma demanda sem precedentes por data centers, chips de IA e energia.
Além disso, as maiores empresas de nuvem do mundo, incluindo Amazon, Google, Meta e Microsoft, planejam investir cerca de US$ 200 bilhões em novos data centers no próximo ano. Contudo, mais de 80% dessa capacidade já está alugada, segundo a CBRE Group. Isso coloca pressão sobre a oferta para atender à crescente demanda.
Criptomoedas, IA e o PIB Global
Embora os chips especializados em mineração de bitcoin, conhecidos como circuitos integrados para aplicações específicas (ASICs), não sejam adequados para a IA, a infraestrutura de armazenamento e refrigeração dos mineradores de bitcoin, juntamente com seu acesso a energia barata em larga escala, oferece oportunidades de diversificação significativas. Isso pode ajudar a suportar a enorme demanda da IA por recursos computacionais e centros de dados.
Um exemplo notável é a oferta recente do provedor de nuvem de IA CoreWeave para adquirir a mineradora de Bitcoin Core Scientific por US$ 1,6 bilhão. Trata-se de um valor 55% acima do preço de mercado. Esse movimento veio após um acordo de parceria de 12 anos entre as duas empresas, no valor de US$ 3,5 bilhões. Isso permitiu que a CoreWeave hospede seus serviços de IA nos data centers da Core Scientific.
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Adam Sullivan, CEO da Core Scientific, comentou na época que a parceria com a CoreWeave possibilita a diversificação do modelo de negócios da empresa. Isso porque equilibra a relação entre mineração de Bitcoin e hospedagem de computação alternativa, visando maximizar o fluxo de caixa e minimizar riscos.
Mineradoras de Bitcoin como a Core Scientific têm procurado expandir suas receitas desde o halving do BTC em abril. O evento reduziu pela metade as recompensas dos mineradores. Empresas como Hut 8 e Iris Energy também estão explorando a diversificação para a IA. Além disso, a validação baseada em blockchain é outra oportunidade na interseção entre criptomoedas e IA.
Riscos da IA
Contudo, Leon destacou que, com o aumento da popularidade das ferramentas de IA, os riscos associados ao conteúdo gerado por IA e “deepfakes” continuam a ser uma preocupação. Novos projetos estão tentando usar a acessibilidade, transparência e imutabilidade das blockchains públicas para combater esses abusos.
Por exemplo, a startup Attestiv cria “impressões digitais” digitais para vídeos com base em seus metadados e os armazena em uma blockchain pública. Isso permite a verificação da autenticidade dos vídeos caso haja suspeita de manipulação.
Outro potencial uso destacado por Leon está relacionado a assistentes virtuais. Neste caso, a combinação de assistentes de IA com contratos inteligentes e moedas digitais, como Bitcoin ou stablecoins, pode abrir novas possibilidades para aumentar a produtividade.
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