Os criadores das criptomoedas LIBRA e MELANIA estariam utilizando memecoins para lavar dinheiro. Uma análise detalhada de transações na blockchain revelou movimentações suspeitas envolvendo as carteiras das equipes por trás dos projetos. Ao todo, estima-se que os criadores lavaram mais de US$ 2 milhões após inflarem token em mais de 23.000.000%
A denúncia foi feita pela Lookonchain, perfil especializado em análise de movimentações on-chain, por meio do X. De acordo com a plataforma, há indícios de que as equipes internas dos projetos de criptomoedas LIBRA e MELANIA tenham lavado recursos utilizando uma memecoin chamada POPE.
De acordo com os dados, duas carteiras de insiders (como são chamados membros que fazem parte da equipe do projeto) direcionaram 19.846 SOL (equivalente a aproximadamente US$ 2,76 milhões) para uma carteira de criptomoedas fantasma. Essa carteira utilizou o montante para comprar 922 mil tokens POPE, que homenageia o Papa Francisco.
Minutos depois, a mesma carteira vendeu os 922 mil POPE, só que dessa vez, por um valor muito abaixo: apenas US$ 24 mil. Com essa operação, a carteira perdeu cerca de US$ 2,7 milhões em minutos.
Insiders lavando dinheiro com criptomoedas
A lavagem de dinheiro através de criptomoedas de baixa liquidez e manipulação de mercado é uma prática que mistura elementos da “pump-dump” com “wash trading”. Como os criminosos não podem sacar direto, pois isso levantaria muitas suspeitas, eles direcionam o valor a ser lavado para uma carteira laranja. O objetivo é investir em um token com uma capitalização de mercado muito baixa.
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Como o token tem baixa liquidez e pouco volume de negociação, a compra de uma grande quantidade faz com que o preço do token suba rapidamente. Desse modo, os criminosos simulam uma demanda, inflando o preço dos tokens, cuja oferta é baixa. Uma oferta baixa e uma demanda alta resulta em aumento de preço (oferta vs. demanda).
Na outra ponta, os criminosos possuem carteiras com os mesmos tokens, e ficam esperando a alta. Quando ela acontece – em razão da compra massiva dos tokens -, eles rapidamente vendem seus tokens. A venda massiva faz com que o preço caia drasticamente.
Ou seja, a carteira que fez a compra de 922 mil tokens sai com um “prejuízo”. No entanto, o prejuízo foi artificialmente construído, em razão das vendas planejadas. Como o prejuízo de uns é o lucro dos outros, as carteiras que venderam os tokens no momento de alta saem com o dinheiro “limpo”.
Lavou US$ 1 milhão
Foi provavelmente isso o que aconteceu no caso denunciado pela Lookonchain. A memecoin tinha uma capitalização de mercado baixa, em torno de US$ 150 mil. E isso não justificava o aporte de US$ 2,76 milhões tampouco a venda logo em seguida dos mesmos tokens, por menos de 1% do valor pago minutos antes.
Além disso, um seguidor da Lookonchain encontrou mais um indício da lavagem de dinheiro. Ele mostrou em print que uma carteira, que havia investido US$ 300 quando o token valia US$ 0,014 (portanto, antes do aporte de US$ 2,76 milhões), vendeu a mesma quantia minutos depois por US$ 1 milhão, quando o POPE valia US$ 333 (após a compra massiva dos tokens).
