Em busca de criar um alternativa à B3, Bolsa de Valores do Brasil, e estimular a competição e a concorrência, um grupo de bancos brasileiros de pequeno e médio porte anunciou, recentemente, um investimento de mais de R$15 milhões para a criação da Certa (Central de Registro de Títulos e Ativos), que deve entrar em operação em 2019 e pretende concorrer com a B3 no extenso mercado de títulos.
Segundo reportagem do jornal Valor Econômico, todo o projeto foi concebido e desenvolvido pela Associação Brasileira de Bancos (ABBC), uma “concorrente” da Febrabam, que reúne 80 pequenas e médias instituições financeiras. Na Certa, a ideia é que cada acionista não poderá ter mais que 5% do capital, evitando a centralização e o poder “desmedido” que um ou outro sócio pode ter no negócio. Em um primeiro momento, a “nova bolsa” atuará no registro de ativos como CDB, cédulas de crédito bancário, LCI e LCA. Porém, também está nos planos atuar como liquidante e depositária de títulos.
Como diferencial de seus negócios, a Certa também pretende usar a blockchain para ter mais agilidade no fluxo de informações. A tecnologia vem sendo bastante discutida e implementada em alguns casos, entre as instituições financeiras no Brasil, no entanto, até o momento, a B3, a qual a Certa deseja concorrer, não anunciou nenhuma aplicação utilizando a tecnologia, embora, segundo relatos, esteja “de olho” nas criptomoedas com vistas a lançar um produto de investimento focado neste universo.
Segundo Cláudio Guimarães, diretor-executivo da ABBC, cada registradora tem seu nicho de atuação e o planejamento da Certa prevê que ela tenha interoperabilidade com a B3 e a Cerc. “O debate não deveria ser sobre concentração bancária, mas sobre competição”, afirma o presidente da ABBC Ricardo Gelbaum, que também é diretor de relações com investidores do Daycoval.
“Nos dêem condições iguais para competir que nós vamos contribuir para o crescimento do crédito no Brasil”, finaliza.